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Covid: EUA poderão ter 4.000 mortes por dia em poucas semanas, dizem especialistas

Teste positivo de coronavírus em frente à bandeira dos Estados Unidos (EUA) - Mehmet Emin Menguarslan / Anadolu Agency
Teste positivo de coronavírus em frente à bandeira dos Estados Unidos (EUA) Imagem: Mehmet Emin Menguarslan / Anadolu Agency

Cleide Klock

Correspondente da RFI em Los Angeles 

03/12/2020 08h16

Os Estados Unidos assistem diariamente a novos recordes de mortes e hospitalizações pela covid-19. Ontem, o país registrou mais de 100 mil internações e 3.157 mortos. Especialistas alertam que se a epidemia continuar evoluindo neste ritmo, o número diário de óbitos pode chegar a 4 mil em breve.

Os últimos números da pandemia atingiram patamares inéditos nos Estados Unidos, com a explosão de casos em todo país. Os estados da Califórnia, Texas e Flórida já ultrapassaram 1 milhão de contaminações por covid-19. Com os hospitais superlotados, os governantes tentam resolver a complicada equação para equilibrar economia, saúde e bem-estar.

O sentimento dos americanos é o mesmo do início da pandemia, em abril, quando os números disparavam de forma descontrolada. No entanto, o país foi palco de dois dias consecutivos de alta mortalidade. Ontem, foram 3.157 óbitos; na terça-feira (1º), 2.597.

O recorde diário anterior era de 2.603 mortes, em 15 de abril, quando houve o primeiro pico da covid-19 durante a primavera do Hemisfério Norte. Além do retorno da alta mortalidade, ela acontece em níveis sem precedentes.

As perspectivas, por enquanto, não são nada boas, apesar da esperança na vacina. Aliás, Nova York anunciou que vai receber o primeiro lote de imunizações em 15 de dezembro.

Dia de Ação de Graças prejudicou combate à covid-19

Há ainda o temor dos hospitais entrarem em colapso nos próximos dias, já que, na semana passada, os americanos celebraram o "Thanksgiving", o Dia de Ação de Graças, que deve ter um impacto importante no número de doentes. Muitos americanos viajaram e se reuniram com a família nesta data, que é mais festiva do que o próprio Natal nos Estados Unidos.

Os especialistas atribuem os altos números do início de mês às festas de Halloween —o Dia das Bruxas— além das comemorações e protestos durante as eleições e a desobediência geral da população, exausta com mais de oito meses de várias restrições.

O diretor do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, Robert Redfield, disse ontem que o país pode ter um total de 400 mil mortos antes de fevereiro.

Desde março, quase 280 mil pessoas perderam a vida para a covid 19. Segundo ele, este inverno no Hemisfério Norte pode ser "o momento mais difícil da história da saúde pública" do país. Vários especialistas já alertaram também que o número diário de mortes pode se aproximar de 4.000.

Estados mais afetados

Em quase 40 dos 50 estados americanos, os números têm aumentado e a situação está piorando, principalmente na região central dos Estados Unidos.

No norte, Minnesota, Dakota do Norte, Dakota do Sul, Kansas, Colorado, que antes não tinham sido muito afetados e, principalmente, o Texas, na divisa com o México, onde a situação está gravíssima. Todas as regiões sofrem com a segunda onda da covid-19.

Como adiantaram os epidemiologistas da Johns Hopkins durante o pico da doença em abril, a covid-19 ganhou força no país inteiro neste fim de ano. Em vários estados, os profissionais de saúde não podem ser mais deslocados para ajudar.

Várias localidades estão trabalhando com os hospitais no limite, sobrecarregados, podendo apenas tratar quem desenvolveu formas mais graves da doença.

A Califórnia, o primeiro estado a impor restrições, em março, teve recorde no número de hospitalizados pelo quarto dia consecutivo. Segundo o governador Gavin Newson, o estado pode exceder a capacidade das UTIs em meados de dezembro.

Em Los Angeles, muitas medidas nunca foram flexibilizadas: escolas e academias continuam fechadas, restaurantes só funcionam em espaços exteriores e a recomendação é só sair de casa em casos de extrema necessidade.

Esse que é o maior estado americano, com 40 milhões de habitantes, soma cerca de 19.400 mortes e 1,2 milhão casos. Apesar desses números assustadores, no índice de mortalidade por um milhão de habitantes, a Califórnia está na 37ª posição dentre os 50 estados do país.

De acordo com especialistas, as restrições e o lockdown impostos em março são responsáveis por esse resultado.

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