Fed prevê meses "difíceis" para economia dos EUA por surto de covid-19
Washington, 1 dez 2020 (AFP) - Os Estados Unidos caminham para meses "difíceis" no plano econômico devido ao ressurgimento da pandemia covid-19, enquanto o impacto potencial de uma vacina permanece incerto, alertou o presidente do Banco Central americano (Fed).
"O aumento de casos de covid-19, aqui e no exterior, é preocupante e pode ter consequências difíceis nos próximos meses", afirmou Jerome Powell em um discurso preparado para sua audiência no Senado na terça-feira e publicado nesta segunda.
As notícias recentes na área de vacinas são "muito positivas a médio prazo", mas "ainda há desafios e incertezas significativas, incluindo o momento, a produção e a distribuição" de uma ou mais vacinas, observou Powell.
Ainda segundo o presidente do Fed, é difícil avaliar a magnitude do impacto econômico com "qualquer grau de confiança".
O secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, que irá ao Senado junto com o chefe do Fed, defendeu as medidas do governo que reforçam o crescimento histórico registrado no terceiro trimestre.
"Os americanos estão voltando ao trabalho", disse Mnuchin. "O relatório de empregos de outubro mostra que a economia recuperou 12,1 milhões de empregos em comparação com todos os empregos perdidos devido à pandemia".
O setor privado de serviços, que reúne as indústrias mais afetadas pelas medidas de contenção do coronavírus, recuperou 58% dos empregos perdidos.
O secretário do Tesouro de Donald Tump, que deixará o cargo em janeiro e será substituído por Janet Yellen, ex-presidente do Fed, disse que o gigantesco plano de ajuda adotado no final de março, no valor de cerca de 2,2 trilhões de dólares, permitiu amenizar o impacto da pandemia.
Mnuchin ressaltou, no entanto, que o ressurgimento do vírus, que foi acompanhado por novas e drásticas medidas, contraria o "progresso notável" registrado no terceiro trimestre e "afetou seriamente as empresas e trabalhadores norte-americanos".
As negociações no Congresso para chegar a um plano de relançamento da economia estagnaram há meses.
Embora os líderes republicanos e democratas do Senado, Mitch McConnell e Chuck Schumer, tenham pedido nesta segunda-feira mais ações antes do final do ano, eles também se culparam pela falta de acordo.
Pacote de ajudas "específicas"
Mnuchin, por sua vez, incentivou o Congresso a usar os 455 bilhões de dólares em fundos de ajuda emergencial não utilizados para impulsionar uma nova rodada de medidas de assistência econômica direcionadas para moradias e empresas.
"Com base em dados econômicos recentes, continuo a acreditar que um pacote de orçamento específico é a resposta federal mais apropriada", garantiu o secretário do Tesouro em comentários preparados para a audiência perante o Comitê Bancário do Senado.
As audiências ocorrerão após o Fed anunciar na segunda-feira a prorrogação por três meses, até 31 de março de 2021, das linhas de crédito empresarial lançadas em março para amenizar as consequências econômicas causadas pela pandemia.
A poderosa instituição especificou que esta decisão recebeu a aprovação do Tesouro, que, no entanto, havia indicado na semana passada que esses programas de emergência deveriam terminar como planejado em 31 de dezembro, apesar dos protestos do Fed.
O governo Trump pediu ao Fed que devolvesse os 455 bilhões de dólares em fundos não gastos de acordo com esses programas, decisão fortemente criticada por economistas e políticos.
Apoiadores do presidente eleito Joe Biden viram esse pedido como uma forma de prejudicar o governo que tomará posse em 20 de janeiro.
O Fed, que também saiu do silêncio criticando publicamente o Tesouro, avaliou nesta segunda-feira que essas linhas de crédito são "fundamentais para o financiamento dos mercados de curto prazo" e garantem "o fluxo de crédito de que a economia atualmente precisa".
Embora o Fed não possa fazer empréstimos diretamente para residências e empresas, ele pode invocar poderes de emergência para facilitar os empréstimos e estimular novos créditos.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.