Malala critica corte de verbas em ajuda internacional de Londres
"Estou profundamente decepcionada com Boris Johnson e Rishi Sunak que escolheram abandonar a promessa de ajuda de 0,7% do Reino Unido - quando uma geração de meninas está contando com esse apoio. Espero que vocês repensem, encontrem uma maneira de reverter os cortes e protejam a educação das meninas", escreveu em sua conta no Twitter.
A princípio, o corte está limitado apenas a 2021 e se traduzirá em uma redução no compromisso das despesas para a cooperação internacional de 0,7% para 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB), o que equivale a cerca de 10 bilhões de libras esterlinas.
Malala, que mora na Inglaterra e recentemente se formou na Universidade de Oxford, não foi a única voz a criticar os cortes previstos pelo governo britânico para o próximo ano. O arcebispo de Canterbury, Justin Welby, líder da Igreja Anglicana, disse que a decisão de Londres "é uma vergonha" e criticou os parlamentares que aprovaram a medida tanto de oposição como governistas.
A redução na ajuda internacional também foi criticada pelos ex-premiês conservadores David Cameron e Theresa May, e trabalhistas Tony Blair e Gordon Brown, que classificaram a ação como um "erro moral, estratégico e político". A decisão também foi criticada por ONGs internacionais como a Save The Children e o Greenpeace.
A polêmica medida, inclusive, provocou mais uma demissão no alto escalão do governo conservador. A subsecretária das Relações Exteriores e parlamentar da Câmara dos Lordes, baronesa Liz Sugg, anunciou que estava deixando suas funções por conta da estratégia econômica adotada por Jonhson. Em uma carta enviada ao premiê, Sugg considerou a decisão "fundamentalmente errada".
Outros ex-ministros britânicos, como Jeremy Hunt (Relações Exteriores), Andrew Mitchell (Desenvolvimento Internacional), e o presidente da comissão de Defesa da Câmara dos Comuns, Tobias Ellwood, criticaram a medida por considerar que há o risco do Reino Unido ver seu papel no cenário internacional ficar ainda menor e diminuir sua capacidade de soft power.
Além disso, lembram que com a eleição do presidente norte-americano, Joe Biden, o tema do multilateralismo voltará a ganhar força e, com a saída de cena dos britânicos, há espaço para Rússia e China ampliarem sua influência política sobre os países pobres e em desenvolvimento no mundo. (ANSA).
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