Em 'emergência econômica', Reino Unido corta ajuda ao desenvolvimento
Londres, 25 Nov 2020 (AFP) - O Reino Unido sofrerá em 2020 uma queda sem precedentes no PIB, de 11,3% devido à pandemia do coronavírus, uma "emergência econômica" que nesta quarta-feira (25) levou o governo a anunciar cortes drásticos na ajuda ao desenvolvimento.
Este ano, a economia britânica registrará a maior queda anual em mais de três séculos, -11,3%, antes de recuperar 5,5% em 2021 e 6,6% em 2022, de acordo com as projeções apresentadas pelo ministro das Finanças, Rishi Sunak, ao Parlamento.
Será preciso aguardar o final de 2022 para que a economia retome seus níveis de antes da crise sanitária.
"A emergência de saúde ainda está aqui e nossa emergência econômica está apenas começando. Portanto, nossa prioridade imediata é proteger vidas e padrões de vida", disse o ministro, apresentando um vasto plano de gastos.
"O dano econômico provavelmente durará muito tempo", enfraquecendo a economia por muitos anos, disse ele.
Sunak, que se baseia em previsões do órgão público OBR (Office for Budget Responsibility), afirmou que a taxa de desemprego atingirá o pico no segundo trimestre de 2021, a 7,5%.
No total, o governo está mobilizando 280 bilhões de libras para ajudar a economia a resistir à tempestade.
De acordo com seus cálculos, o déficit público aumentará para 19% do PIB no atual ano fiscal, devido aos esforços sem precedentes para proteger o emprego do impacto da pandemia, explicou ao apresentar seu novo plano de gastos.
O coronavírus desferiu um duro golpe nas finanças públicas britânicas. Diante desta situação, Sunak, ciente de que ainda não pode adotar medidas como um aumento dos impostos, decidiu reduzir a generosa ajuda britânica ao desenvolvimento.
"Em um período de crise sem precedentes, o governo tem de tomar decisões difíceis", declarou o ministro aos deputados, anunciando que esse valor será reduzido em 2021 para 0,5% do Produto Interno Bruto, contra 0,7% habitual.
Em protesto, a secretária de Estado para o Desenvolvimento Internacional, baronesa Liz Sugg, renunciou, denunciando uma decisão "fundamentalmente errada".
"Esta promessa deve ser mantida tanto em tempos difíceis como em tempos bons", disse.
Várias personalidades, incluindo a paquistanesa vencedora do Nobel da Paz Malala Yousafzai, pediram a Londres que não desse o passo.
"A covid-19 poderia forçar 20 milhões de meninas a abandonar a escola. Para que as meninas continuem aprendendo, precisamos de líderes que priorizem a educação", disse Malala no Twitter.
O Reino Unido era, até agora, o único país do G7 a destinar 0,7% do seu PIB à ajuda ao desenvolvimento, meta fixada pelas Nações Unidas.
Dois ex-primeiros-ministros, o conservador David Cameron e o trabalhista Tony Blair, advertiram em uma declaração conjunta que deixar de fazer isso "seria um erro moral, estratégico e político".
Três outros ex-chefes de Governo - Theresa May, Gordon Brown e John Major - também se opuseram a um corte no orçamento de ajuda internacional, juntando-se aos líderes de 187 organizações, incluindo Greenpeace UK e Save the Children.
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