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Sob pressão dos EUA, Cuba fecha Western Union, uma das principais vias de entrada de dinheiro na ilha

23/11/2020 17h27

A empresa Western Union fecha nesta terça-feira (23) seus escritórios em Cuba. A medida, resultado da pressão feita pela administração de Donald Trump, representa o fechamento de uma das principais portas de entrada de divisas na ilha comunista. A decisão provocou filas diante das agências nos últimos dias de funcionamento.

Domitille Piron, correspondente da RFI em Havana

Após mais de 20 anos atuando em Cuba, a Western Union fecha suas portas. A decisão obedece à iniciativa de Washington de incluir a Fincimex, sua parceira cubana, na lista de mais de 200 empresas locais que o Departamento do Tesouro americano afirma serem administradas por militares da ilha e com as quais nenhuma empresa dos Estados Unidos pode fazer negócios.

Margarita Mora é uma das usuárias do serviço e enfrentou mais de 40 minutos de fila no fim de semana para receber as últimas remessas enviadas por seu primo que vive em Boston. "Para mim isso representa muita preocupação e muita incerteza. E agora, como eu vou fazer para receber esse dinheiro? Isso representa tudo para mim. Eu comprei essa moto com as remessas, eu compro comida, tudo o que preciso!", se irrita.

O fechamento acontece sem tumulto, já que há semanas a empresa incita os moradores a fazerem seus saques. A Western Union também diz estudar outras possibilidades para continuar apoiando as famílias e pequenas empresas cubanas.

O serviço é considerado pela população um dos meios mais seguros de receber dinheiro enviado por seus familiares que vivem no exterior, fonte de rende de muita gente no país. Estima-se que Western Union seja responsável pela entrada de mais de US$ 1,5 bilhões por ano em Cuba.

Alguns já buscam outras maneiras para poderem receber as remessas. Os mais conectados adotam as criptomoedas, trocando por moedas locais os bitcoins, cada vez mais usados para contornar as sanções impostas por Washington para transferir fundos. Outra opção, recente na ilha, é receber divisas em moedas estrangeiras diretamente em uma conta cubana. Mas isso só é possível se o banco nacional do país emissor não teme sanções americanas, o que limita as possibilidades.

Mas a principal esperança dos cubanos, como Margarida, que dependem das divisas vindas dos Estados Unidos, é que Joe Biden, após assumir a Casa Branca, volte atrás na decisão de Donald Trump e permita a reabertura da Western Union em Cuba.

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