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Fóssil de 'duelo' entre T-rex e tricerátopo será estudado e exposto nos EUA

Projeção do fóssil com o duelo das duas espécies icônicas - Reprodução/Twitter/@ExpeditionLive
Projeção do fóssil com o duelo das duas espécies icônicas Imagem: Reprodução/Twitter/@ExpeditionLive
do UOL

Colaboração para o UOL, em São Paulo

23/11/2020 12h25

Paleontólogos descobriram, em 2006, dois fósseis impressionantes com os restos de um Tiranossauro rex e de tricerátopo, no que parece ser a cena de um duelo. A descoberta reveladora, no entanto, pertencia a um laboratório privado que impedia estudos mais profundos sobre a peça. Felizmente, a espera para desvendar mais sobre o duelo chegou ao fim. O Museu de Ciências Naturais da Carolina do Norte, nos EUA, anunciou na semana passada que um colegiado de doadores lhe concedeu a peça para ser estudada e exposta.

Desde a descoberta do fóssil, cientistas formulam hipóteses sobre o aparente, e inédito, duelo entre as duas espécies, só visto antes em filmes como "Jurassic Park". Encontrados lado a lado em uma formação rochosa, datada de 65,5 milhões de anos atrás, os esqueletos chamam a atenção não só pela posição em que estão como também por sua preservação — pesquisadores acreditam que o esqueleto do Tiranossauro rex possa ser o único fóssil 100% completo da espécie.

Contudo, o local em que as escavações foram feitas, na rocha sedimentar de Hell Creek, não pertence a uma reserva federal americana, logo o "tesouro" ficou nas mãos de um laboratório privado, que tentou leiloá-lo por US$ 6 milhões (cerca de R$ 32 milhões), mas não obteve sucesso.

Quando o Museu de Ciências Naturais demonstrou interesse na compra, uma batalha judicial complexa, envolvendo os paleontólogos que descobriram os fósseis e um ex-dono do local das escavações, atrasou ainda mais o processo de liberação do fóssil.

Na terça-feira (17), o imbróglio chegou ao fim. Os "Dinossauros Duelando", como os fósseis foram apelidados, enfim, chegaram as mãos do museu, graças a uma organização sem fins lucrativos que adquiriu a peça usando fundos privados fornecidos pelo apoio de várias instituições.

Segundo o museu, os dois esqueletos são uns dos mais completos já encontrados, inclusive com todos os ossos preservados na ordem correta. O Tiranossauro teve dentes quebrados e o crânio está rachado, o que intriga os pesquisadores a descobrir se os danos são fruto da batalha com o tricerátopo ou se foram lesões após a morte.

Há também a esperança de os estômagos dos dinossauros estarem bem preservados a ponto dos cientistas descobrirem qual foi a última refeição deles.

A boa preservação dos restos mortais permite que novas hipóteses sobre a anatomia das espécies sejam comprovadas ou descartadas pelos pesquisadores. O duelo, se comprovado, também pode abrir novas portas no estudo dos hábitos dessas espécies do período cretáceo.

Lindsay Zanno, chefe de paleontologia do museu, comentou sobre as possibilidades revolucionárias do estudo desses fósseis: "Ainda não estudamos esses espécimes; é uma fronteira científica. A preservação é fenomenal e planejamos usar todas as inovações tecnológicas disponíveis para revelar novas informações sobre a biologia do T. rex e do tricerátop. Este fóssil mudará para sempre nossa visão dos dois dinossauros favoritos do mundo".

O Museu de Ciências Naturais da Carolina do Norte, situado na cidade de Raleigh, prepara uma nova área interativa para receber os icônicos esqueletos. A previsão de inauguração do "DinoLab" é para 2022. Até lá, os cientistas já terão acesso aos fósseis e poderão, finalmente, aprofundar seus estudos sobre a inédita descoberta.

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