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Mulher de confiança de cardeal Becciu é libertada em Milão

30/10/2020 14h45

MILÃO, 30 OUT (ANSA) - A italiana Cecilia Marogna, mulher de confiança do cardeal Angelo Becciu e detida no dia 13 de outubro em Milão sob a acusação de desvio de fundos da Santa Sé, recebeu liberdade condicional nesta sexta-feira (30).   

A decisão foi tomada pelo Tribunal de Apelação de Milão, após acolher o pedido dos advogados de Marogna para colocá-la em liberdade. Com a medida, porém, ela será obrigada a comparecer à justiça e terá que aguardar o processo sobre sua possível extradição para o Vaticano.   

Inicialmente, o procurador-geral da República manifestou parecer negativo para a libertação de Marogna, considerando que existe risco de fuga, principalmente pela falta de endereço fixo entre Milão e Sardenha, o que dificultaria a eventual concessão de uma prisão domiciliar.   

No entanto, a quinta seção do Tribunal decidiu conceder a condicional depois da argumentação dos advogados da italiana.   

Segundo a defesa, Marogna "não poderia ser presa porque o acordo entre a Itália e o Vaticano permite a extradição do Vaticano para a Itália, mas não da Itália para o Vaticano".   

Agora, a italiana precisará aguardar o Vaticano enviar documentos necessários para que ocorra o julgamento do processo de extradição. Na audiência do último dia 16 de outubro, porém, ela não deu seu consentimento para ser extraditada.   

Marogna, de 39 anos, foi presa pela Guarda de Finanças da Itália, com intervenção da Interpol, em cumprimento de um mandado de prisão internacional do Vaticano. A italiana entrou na mira das autoridades depois que veio a público que o ex-número "dois" da Secretaria de Estado do Vaticano deu a ela 500 mil euros do fundo de reserva da Santa Sé para aquisição de artigos de luxo.   

Segundo a imprensa italiana, a quantia, entre 500 e 600 mil euros, foi entregue para a mulher, natural de Sardenha, por meio de uma empresa com sede na Eslovênia e oficialmente especializada em segurança e relações internacionais.   

O valor teria sido pago por operações humanitárias secretas na Ásia e na África, em particular a libertação de padres e freiras sequestrados. O dinheiro, no entanto, era convertido para compras de bolsas, sapatos, cosméticos e acessórios de luxo de famosas marcas, como Prada, Tod's e Chanel.   

Em documentos anônimos enviados aos jornais italianos constam gastos de cerca de 200 mil euros na compra de produtos de luxo.   

Somente ao item "Chanel" foram designados cerca de 8 mil euros.   

As investigações revelam que Marogna teria estabelecido relações com a Secretaria de Estado do Vaticano em 2016, quando Becciu foi substituto para Assuntos Gerais - praticamente o terceiro na hierarquia vaticana.   

A mulher, que a imprensa definiu como "dama do cardeal", teria recebido o dinheiro entre dezembro de 2018 e julho de 2019 em uma conta corrente da sociedade Logsic, empresa eslovena, com sede na capital Ljubljana, a qual ela é administradora.   

Pivô do escândalo financeiro, o cardeal italiano Angelo Becciu foi forçado a se demitir do cargo de prefeito da Congregação para as Causas dos Santos e a renunciar aos direitos do candinalato. (ANSA)
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