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'Guerra da Vacina' pode unir partidos de centro contra Bolsonaro em 2022

Presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia em Brasília -
Presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia em Brasília

Felipe Frazão

Brasília

28/10/2020 13h00

Às vésperas das eleições municipais, os movimentos "erráticos" de Jair Bolsonaro (sem partido) têm sido classificados por partidos e personalidades do centro como mais um sinal de que, passadas as disputas de novembro, será necessário construir uma frente política com musculatura para enfrentar o presidente, em 2022, e encontrar um nome que personifique a oposição a ele.

Enquanto Bolsonaro está em campanha pelo segundo mandato, porém, os protagonistas do chamado "centro democrático" ainda batem cabeça.

Personalismo e interesses partidários são até agora obstáculos às articulações em torno de um nome que possa representar o grupo. Em busca de adesões, há até tentativas de negociar uma frente eclética. As conversas incluem PSDB, DEM, MDB, PSD, Podemos, Cidadania, PCdoB, PV, Rede, PDT e PSB. Os cinco últimos já fazem oposição no Congresso.

Nada, porém, foi adiante. Segundo integrantes desses partidos, um dos motivos é que o PSDB tenta impor o nome do governador de São Paulo, João Doria, e o PDT, o do ex-ministro Ciro Gomes.

"O fortalecimento da democracia para permitir uma composição futura mais ampla de campos democráticos vai exigir capacidade de diálogo, de discernimento e humildade. Temos de administrar o contraditório, com menos radicalismo e mais entendimento", disse Doria ao Estadão, ao negar ser um entrave para a construção de um nome.

O tucano se tornou o principal adversário de Bolsonaro. Sob pressão de seguidores nas redes sociais, o presidente afirmou que "a vacina chinesa do Doria" não seria comprada. "Deixe a eleição de 2022 para outro momento, presidente", rebateu o governador. Ontem, Bolsonaro acusou Doria de aumentar impostos; o governador o chamou de "desinformado".

Apesar do estilo conflituoso do presidente, pesquisa da CNT (Confederação Nacional do Transporte) com o Instituto MDA, divulgada anteontem, mostrou que a atuação do governo na pandemia de covid-19 é aprovada por 57%.

A concessão do auxílio emergencial alavancou a popularidade de Bolsonaro. O auxílio termina em dezembro e, na tentativa de garantir a continuidade dos repasses, o presidente busca tirar do papel o programa Renda Cidadã.

Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, o marqueteiro João Santana chamou a atenção para essa guinada de Bolsonaro, que, segundo ele, "quer deixar de ser o herói moral para ser o herói social".

"Precisamos construir um projeto alternativo a essa quadra de desmantelo. Isso exige que os homens públicos deixem suas diferenças de lado", afirmou Ciro Gomes, candidato derrotado na disputa de 2018 ao Planalto e nome anunciado para 2022. Para ele, essa construção "não é fácil, mas absolutamente necessária para o Brasil".

Nenhuma das conversas para a formação dessa frente de centro inclui o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, possível candidato em 2022. Mas, na visão de políticos que procuram levar adiante o plano contra o presidente, o ex-juiz quer "criminalizar" a política e faz voo solo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Incialmente, o texto não citava o PCdoB no grupo de partidos de oposição ao governo. A informação foi corrigida.

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