Covid-19: na espera de novos anúncios de Macron, governo prepara terreno para novas restrições
Os jornais franceses desta quarta-feira analisam o esforço do governo de Emmanuel Macron para construir o apoio necessário à aplicação das novas medidas urgentes para conter a segunda onda de Covid-19, que atinge violentamente o país.
O jornal Le Monde traz na capa uma reunião ocorrida na véspera entre representantes da oposição, líderes de vários grupos parlamentares e presidentes de associações com o primeiro-ministro francês, Jean Castex, para discutir as medidas a serem tomadas.
Ciente do choque que novas "decisões difíceis" podem causar, segundo as palavras do ministro do Interior, Gérald Darmanin, dessa vez o governo decidiu, ao contrário de março, durante o primeiro confinamento, consultar os mais diversos setores, antes de o presidente Emmanuel Macron vir a público para anunciar as novas regras, às 20h (16h em Brasília), quando o chefe de Estado fará um pronunciamento na TV.
Mas de acordo com a reportagem, após duas horas de discussões acaloradas, muitos participantes do encontro, tanto no campo da esquerda quanto da direita, se mostraram céticos e até decepcionados com a falta de propostas reais apresentadas pelo primeiro-ministro para combater os efeitos da crise sanitária.
Os deputados socialistas disseram ter saído com a desagradável impressão de que o governo "está constantemente improvisando". "Esta é uma grande piada! Perguntamos quais eram os caminhos, os diferentes cenários e o seu impacto, mas não obtivemos resposta! ", irritou-se o primeiro-secretário do Partido Socialista (PS), Olivier Faure.
Para o governo, porém, essa tentativa de diálogo parecia uma necessidade justamente para evitar julgamentos por falta de democracia nesse período de crise.
Enquanto isso, coube ao Ministro da Economia, Bruno Le Maire, reunir-se com as principais organizações profissionais e empregadoras (Medef, CPME, U2P, FCD, FFB), dos setores da distribuição e da aeronáutica, federações de seguradoras e bancos com o mesmo objetivo: preparar os espíritos para as próximas restrições, mas também confirmar o papel de "protetor" do Estado diante de uma crise tão aguda quanto interminável, escreve o diário.
O jornal Le Parisien aborda as últimas horas de decisões, antes do anúncio das novas medidas. A situação é séria. A "segunda onda" da epidemia de Covid-19 é um "maremoto", diz a reportagem, citando uma fonte próxima ao governo. "Afeta toda a Europa. Até a Alemanha, a boa aluna", destaca o texto.
A inesperada aceleração da epidemia desde o último final de semana deixou os especialistas franceses sem palavras. Já há superlotação em unidades de terapia intensiva, onde os números de pacientes e de novas internações são assustadores. Em Lyon, 90% dos leitos de terapia intensiva estão ocupados.
Por enquanto, segundo o Parisien, menciona-se um cenário de isolamento de "quatro semanas", mas com um confinamento mais leve, para não paralisar a economia, e deixando as escolas parcialmente abertas, onde a volta às aulas está marcada para a próxima segunda-feira (2).
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