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Padre mente sobre sequestro e será indiciado por falsa comunicação de crime

Padre José Gilmar Moreira admitiu ter forjado o crime e disse estar sendo vítima de extorsão - Divulgação
Padre José Gilmar Moreira admitiu ter forjado o crime e disse estar sendo vítima de extorsão Imagem: Divulgação
do UOL

Colaboração para o UOL, em João Pessoa (PB)

26/10/2020 15h10

O padre José Gilmar Moreira, que passou três dias desaparecido e alegou ter sido vítima de sequestro, em João Pessoa (PB), admitiu em depoimento à Polícia Civil que mentiu sobre o que realmente aconteceu. O padre disse que estava sofrendo extorsão; por isso, inventou toda a história apresentada até então.

Pela falsa comunicação de crime, o religioso será indiciado por falsa comunicação de crime, conforme explicou hoje o superintendente da Polícia Civil, o delegado Luciano Soares. A polícia encerrou o inquérito sobre o sequestro e agora investiga a suposta tentativa de extorsão.

"O padre prestou depoimento por quatro horas e admitiu que inventou a história porque estava sendo vítima de extorsão. Ele disse que não foi sequestrado, nem mantido amarrado dentro do mato durante os três dias que ficou desaparecido", disse o superintendente.

Segundo o relato do padre à polícia, ele estava sendo extorquido por pessoas desconhecidas e teria que pagar R$ 50 mil para que fatos da vida dele não fossem revelados. O superintendente informou que a polícia tem conhecimento sobre que fatos seriam esses, mas não vai revelar para que as investigações não sejam comprometidas.

Ainda de acordo com Soares, o padre disse em depoimento que os autores da extorsão deram um prazo para que o pagamento fosse feito. Sem saber o que fazer, ele decidiu forjar a história. Foi quando inventou que foi chamado para encomendar um corpo, mandou a mensagem para outro religioso pedindo ajuda e ficou por três dias no litoral sul.

"O padre disse que, quando chegou à praia, tentou tirar a vida se jogando no mar, mas as ondas o jogaram de volta para a areia por várias vezes. Em determinado momento, ele foi atirado sobre pedras. Como não conseguiu o que queria, entendeu aquilo como uma mensagem, uma ajuda de Deus, e voltou para o carro, onde ficou orando por dois dias. Depois decidiu caminhar e acabou sendo encontrado", explicou o superintendente.

Soares disse ainda que o religioso admitiu que inventou a história após ser confrontado pelos policiais que viram fragilidade na primeira versão apresentada por ele. Segundo o superintendente, 16 policiais civis foram mobilizados na tentativa de localizar o padre considerando a primeira versão apresentada.

"O que tínhamos da primeira investigação apontava para outras situações", afirmou o superintendente. Um novo procedimento vai apurar essa nova versão apresentada por José Gilmar.

Logo que o padre sumiu, uma forte campanha foi iniciada nas redes sociais e na imprensa local para que ele fosse localizado. José Gilmar é pároco na Igreja de Santa Terezinha, no bairro do Róger, em João Pessoa.

Quando o padre foi encontrado, a Arquidiocese da Paraíba emitiu nota informando que o religioso estava bem e acompanhado pelo setor jurídico e por pessoas próximas a ele para que tudo fosse esclarecido. Na nota, a Arquidiocese pediu respeito ao momento e informou que emitiria uma nova nota oficial, o que não aconteceu até o momento. A Arquidiocese ainda não se posicionou sobre a reviravolta do caso.

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