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OMS pede para 'não baixar a guarda' na luta contra o coronavírus

26/10/2020 19h58

Roma, 26 Out 2020 (AFP) - A Organização Mundial da Saúde (OMS) apelou nesta segunda-feira (26) a "não baixar a guarda" na luta contra o coronavírus, que cada vez mais aperta o cerco na Europa, impacta a economia, desencadeia protestos e é politizada.

"Não podemos baixar nossa guarda, não podemos baixar nossa guarda", disse o diretor-geral da OMS, Adhanom Ghebreyesus, em uma entrevista coletiva. "Quando os líderes agem rapidamente, o vírus pode ser freado", acrescentou, alertando que "é perigoso abrir mão do controle".

Desde que foi detectada na China, em dezembro, a pandemia deixou ao menos 1,15 milhão de mortos e acumula mais de 43 milhões de casos no mundo, de acordo com um balanço da AFP, baseado em fontes oficiais.

Nesse cenário, as bolsas europeias fecharam no vermelho com quedas importantes em Frankfurt, Paris, Londres, Madri e Milão. Wall Street também recuou, dada a pouca esperança de que o governo e o Congresso dos Estados Unidos cheguem a um segundo plano de ajuda econômica diante do impacto causado pela pandemia.

- Medidas impopulares -As declarações de Ghebreyesus ocorrem em um momento em que a Itália anuncia medidas restritivas impopulares para enfrentar a segunda onda de contaminação, que inclui o fechamento de restaurantes e bares a partir das 18h e o total fechamento de teatros, cinemas e academias por um mês.

Isso significa um forte golpe para setores já bastante afetados pelo rígido confinamento no primeiro semestre.

Para os opositores, é uma "declaração de fracasso" do governo, enquanto os cientistas se perguntam se isso será suficiente para conter a disseminação do vírus.

O primeiro-ministro Giuseppe Conte disse que as medidas devem permitir aos italianos ser "mais serenos até o Natal".

No fim de semana, houve confrontos entre a polícia e os opositores ao toque de recolher na capital, Roma, e em Nápoles (sul do país).

"Com essas novas restrições, vamos fechar", lamentou à AFP Giuseppe Tonon, de 70 anos, dono de um restaurante em Oderzo, pequena cidade italiana.

Nesta segunda, milhares de pessoas voltaram a se manifestar contra as restrições anunciadas na véspera para conter a covid-19, e os protestos terminaram novamente em confronto em grandes cidades, como Milão e Nápoles.

- Situação crítica -A situação é "crítica" na França, alertou Jean-François Delfraissy, presidente do conselho científico que assessora o governo de Emmanuel Macron.

"Tínhamos previsto que haveria essa segunda onda, mas nós mesmos estamos surpresos com a (sua) brutalidade", afirmou em uma entrevista de rádio, depois de registrar um recorde de 52.000 casos em 24 horas.

"Muitos de nossos concidadãos ainda não perceberam o que nos espera", acrescentou Delfraissy.

Na Espanha, o governo decretou estado de alerta no domingo e impôs toque de recolher noturno em todo o país, exceto nas Ilhas Canárias.

As autoridades da Catalunha também estudam decretar o confinamento domiciliar nos finais de semana para conter a epidemia de coronavírus.

- Politização e ideologias -Nos Estados Unidos, a covid-19 atingiu a campanha eleitoral e o chefe de gabinete do presidente Donald Trump, Mark Meadows, reconheceu no domingo que a Casa Branca não "vai controlar a pandemia".

A uma semana da eleição, o candidato democrata à presidência Joe Biden acusou Trump de "agitar a bandeira branca da derrota e esperar que, se ignorado, o vírus sumirá".

Quando questionado na Pensilvânia se estaria abandonando as tentativas de controlar a pandemia, Trump respondeu aos repórteres: "Não estou".

"Estamos definitivamente virando a página" sobre o coronavírus, ressaltou.

No Brasil, que participa de diversos testes de vacinas, o presidente Jair Bolsonaro cancelou a compra de 46 milhões de doses da desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac, que será produzida pelo Instituto Butantan, sob supervisão do estado de São Paulo, governado pelo adversário do presidente, João Doria.

Assim, "a vacina chinesa de João Doria", como chama Bolsonaro, virou questão política diante das eleições de 2022, nas quais Doria (PSDB) poderia frustrar a intenção de um segundo mandato do atual presidente.

Na Colômbia, um grupo de funcionários da saúde realizou um protesto simbólico na praça central de Bogotá contra a gestão da pandemia pelo governo colombiano, ao posicionar 165 cadeiras brancas em referência ao número de mortos dessa área de atuação pelo vírus no país, que no sábado ultrapassou um milhão de casos.

"É uma homenagem a todos os trabalhadores da saúde que morreram durante a pandemia (...) eram mortes evitáveis devido à falta de equipamentos de proteção pessoal e à forma como o governo decidiu lidar com esta pandemia", ressaltou à AFP Herman Bayona, presidente da Faculdade de Medicina de Bogotá.

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