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Diante de aumento de casos de covid-19, França estuda possibilidade de novo lockdown

Especialista disse que o confinamento poderia ser "mais leve" que o primeiro - Getty Images
Especialista disse que o confinamento poderia ser "mais leve" que o primeiro Imagem: Getty Images

26/10/2020 14h49

O governo francês pode anunciar, ainda esta semana, o endurecimento de medidas de combate ao covid-19. Segundo fontes próximas ao governo, um novo lockdown é uma das possibilidades. O presidente Emmanuel Macron organiza um Conselho de defesa para discutir o tema nesta terça-feira.

Duas fontes industriais em contato com o governo afirmaram, nesta segunda-feira à agência Reuters, que entre os cenários estudados pelo governo está o de aumentar a duração do toque de recolher e implementar um confinamento nos fins de semana.

A França impõe há quase dez dias a sua população um dos toques de recolher mais rígidos da Europa, proibindo 46 milhões de franceses de sair de casa entre 21h e 6h.

Segundo as mesmas fontes, as medidas poderiam se aplicar à região parisiense, Marselha e Lyon, três zonas muito afetadas pelo vírus.

Uma terceira fonte próxima do governo declarou que as medidas apenas apareciam entre diferentes possibilidades consideradas e que serão apresentadas esta semana a Emmanuel Macron, durante um Conselho de defesa e um Conselho de segurança nacional dedicados à covid-19.

"Isto faz parte das proposições e cenários que serão certamente apresentadas ao presidente da República no Conselho de defesa, mas não podemos prever o que será decidido. Outras coisas poderão ser propostas, versões maiores ou menores, e isso será feito de acordo com a circulação do vírus localmente", disse a fonte.

O Conselho de defesa foi convocado pelo presidente para a manhã desta terça-feira e o Conselho de segurança está previsto para quarta-feira.

Após o primeiro conselho, o primeiro-ministro Jean Castex "consutará as forças políticas as 17h30 (os presidentes das duas câmaras do Parlamento, os líderes de partidos, os presidentes de grupos parlamentares e os presidentes das principais associações políticas)", segundo comunicado da presidência. Ele vai em seguida se reunir com os representantes de organizações sindicais e patronais durante a tarde.

Lockdown mais leve

Seis meses depois do primeiro isolamento, a hipótese de um novo lockdown para combater a segunda onda de covid-19 não é mais descartada. Segundo o presidente do Conselho cientifico francês, Jean François Delfraissy, em entrevista à radio RTL nesta segunda-feira, o confinamento poderia ser "mais leve" que o primeiro, permitindo preservar a "atividade escolar e um certo número de atividades econômicas".

Diante da perspectiva de um novo lockdown, a oposição criticou o governo por sua "falta de previsão" e de "antecipação". O presidente da região Leste, Jean Rottner, do partido de direita Os Republicanos, disse que "se houver um lockdown dentro de 10 dias ou 15, já temos que falar disso agora, para preparar os franceses".

"Se houver um novo confinamento geral como em março, corremos o risco de ter uma recessão de mais de 10%, um desmoronamento da economia", preveniu Geoffroy Roux de Bézieux, presidente da principal organização patronal da França, o Medef.

Para Éric Caumes, chefe do serviço de infectologia do hospital parisiense Pitié Salpêtrière, "um toque de recolher é uma aposta arriscada (...) Se não for eficaz, será necessário confinar, não teremos outra solução".

"Um segundo lockdown parece plausível e foi feito em Israel e na Austrália, com muito sucesso", considera o epidemiologista Antoine Flahault em entrevista ao canal de televisão francês BFM.

Uma das soluções preconizadas por Flahault é a de não reabrir as escolas, a partir do 5º ano do ensino fundamental e todos níveis do ensino médio, além das universidades, após as férias de outubro, que terminam em 2 de novembro. O uso de máscara seria obrigatório para todos os alunos de mais de 6 anos.

Em março, o confinamento visava evitar que o sistema hospitalar não suportasse a pressão causada pelo número de pacientes. Atualmente, 2.575 doentes graves estão hospitalizados em UTIs. A França conta com 5.800 leitos em cuidados intensivos.

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