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Análise: Fala de Biden sobre transição energética pode virar arma de campanha de Trump

26/10/2020 11h41

A oito dias das eleições americanas, Donald Trump e Joe Biden concentram seus esforços nesta reta final de campanha em estados-chave como Flórida, Pensilvânia e Geórgia, que podem ser decisivos nesta intensa batalha eleitoral. O democrata Biden lidera as pesquisas, mas no último debate televisivo entre os candidatos deu brechas para ser atacado pelo republicano Trump, destaca o analista político Thiago de Aragão em sua crônica desta segunda-feira (26).

De Washington,

Nessa última semana tivemos um debate bastante diferente do debate de semanas atrás. Além de mais civilidade, vimos os dois candidatos mais focados nas perguntas e menos um no outro. A troca de acusações ocorreu, mas num nível muito menor do que vimos há algumas semanas.

O Presidente Trump se saiu bem perante seu eleitorado, mas não necessariamente o suficiente para seduzir o eleitor indeciso, principalmente em estados-chave (Pennsylvania, Michigan, Wisconsin, Ohio, Flórida, Carolina do Norte e Gergia). Já o democrata Joe Biden tentou focar mais em políticas públicas e demonstrar como pretende lidar mais concretamente com a Covid-19 em 2021, com planos de saúde e com a economia. 

Biden e o erro estratégico

Já no fim do debate, Biden trouxe um tema que não é novidade na sua visão de país, mas que pela ausência de explicações mais técnicas, pode jogar contra ele. Quando mencionou que focaria imediatamente na transição energética, de uma matriz poluente para fontes renováveis, o tempo do debate já havia acabado.

Isso fez com que faltasse conteúdo para que o democrata pudesse explicar como essa transição ocorreria. Trump aproveitou a deixa e lembrou eleitores da Pensilvânia que estes perderiam seus empregos caso Biden vencesse as eleições. Não é de hoje que Biden fala sobre transição energética. Essa é uma bandeira democrata histórica, no entanto, se a percepção do eleitor (principalmente em estados onde minas de carvão e produção de petróleo e gás natural são importantes para a economia e empregos) não ficar clara de como essa transição ocorrerá, Trump poderá (e certamente fará) apontar que Biden eliminará empregos nessas áreas por falta de apoio do governo federal.

Pode-se dizer que a fala de Biden foi um erro estratégico. Não trouxe novidade, mas contou a história pela metade. Em uma fase da eleição onde qualquer fala, ato, gesto e comportamento de um ou de outro podem ter um impacto decisivo no resultado final, Biden ofereceu a Trump uma possibilidade de trabalhar o eleitor da Pensilvânia com mais foco. 

 

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