Butantan vai produzir 46 mi de doses da vacina da Sinovac apesar de fala de Bolsonaro, diz Dimas Covas
Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - O Instituto Butantan vai produzir 46 milhões de doses da vacina da chinesa Sinovac contra Covid-19 para o Programa Nacional de Imunização, a despeito de o presidente Jair Bolsonaro ter vetado o acordo anunciado na véspera, disse nesta quarta-feira o presidente do instituto, Dimas Covas.
O presidente do Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo, reiterou que espera que seja mantido o acerto com o governo federal. Disse que, de toda forma, a vacina contra Covid-19 estará disponível, mas alertou que, no caso de não haver um acordo com o ministério, "o problema vai ser o financiamento" da operação.
"O Butantan vai produzir as 46 milhões de doses que estarão disponíveis ao PNI (Programa Nacional de Imunização) no final deste ano. Se acontecer a incorporação ao PNI... essas vacinas já estarão prontas para serem distribuídas em todo país. Se isso não acontecer, elas estarão também disponíveis, a questão será do financiamento, nesse momento, que é uma questão crítica, porque obviamente essa vacina tem custo", afirmou.
Covas, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e outras autoridades participaram de uma reunião no início da tarde com diretores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em Brasília.
INDEPENDÊNCIA
Após o encontro, o governador de São Paulo elogiou a postura da Anvisa, classificando-a de exemplo positivo de agência regulatória independente. Disse ter saído "mais confiante" após a reunião no órgão.
"Aqui na Anvisa nós temos o bastião da esperança dos brasileiros, o papel histórico da agência está em cumprir no melhor e no menor tempo a aprovação das vacinas, incluindo a do Butantan", afirmou.
João Doria disse que o governo de São Paulo apoia vacinas, a começar pela do Butantan e destacou que o instituto paulista é o maior fornecedor de vacinas ao Ministério da Saúde há três décadas. Segundo ele, a visão do governo paulista é a visão do Brasil, de proteção dos brasileiros.
O governador paulista defendeu a posição do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que na véspera chancelou o acordo fechado para a compra das vacinas produzidas pelo instituto Butantan pela pasta. Pazuello foi desautorizado na manhã desta quarta pelo próprio Bolsonaro, que cancelou o acerto.
A decisão de Bolsonaro de desautorizar Pazuello, --ele afirmou que determinou o cancelamento do protocolo de intenções assinado pelo auxiliar-- também gerou reações de governadores e os chefes de Executivos estaduais já falam em recorrer ao Congresso e à Justiça para garantir a vacinação com todos imunizantes disponíveis. [nL1N2HC1KO]
Para Doria, a posição defendida pelo ministério e Pazuello é correta por ser baseada na ciência e na saúde dos brasileiros. Ele frisou que o ministro sempre teve uma conduta republicana, correta e técnica na proteção da vida dos brasileiros.
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