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Mesquita será fechada na França, e 16 são detidos após decapitação de professor

20/10/2020 13h04

Paris, 20 Out 2020 (AFP) - As autoridades francesas fecharão, na quarta-feira (21), uma mesquita dos arredores de Paris, considerada um núcleo do "movimento islamista radical", após a decapitação de um professor que exibiu charges de Maomé para seus alunos.

Até agora, 16 pessoas já foram detidas por algum nível de envolvimento no homicídio.

Considerada pelas autoridades como um refúgio do "movimento islamista radical", onde se propagam mensagens "suscetíveis de terem levado" ao assassinato do professor Samuel Paty, a mesquita de Pantin (nordeste de Paris) permanecerá seis meses fechada. Os fiéis, moderados, em sua maioria moderados, sentem-se punidos.

"Pelo erro de uma pessoa (que compartilhou o vídeo de denúncia contra o professor Samuel Paty), todos os fiéis irão pagar", contesta Moussa, um treinador esportivo de 30 anos.

"Para mim, o fechamento é uma forma de nos castigar", critica o jovem.

A investigação sobre o crime avança, e 16 pessoas já se encontram em prisão preventiva, entre elas cinco estudantes do ensino médio.

Um aluno detido no domingo e solto depois, em meio à investigação antiterrorista pela decapitação na cidade de Conflans-Sainte-Honorine, voltou a ser preso nesta terça-feira (20), informou uma fonte judicial.

O ministro francês da Justiça, Eric Dupond-Moretti, rejeitou nesta terça qualquer "decisão" no acompanhamento do jovem checheno russo que decapitou o docente.

A vítima foi "apontada" para o assassino, Abdullakh Anzorov, de 18 anos, "por um, ou vários, alunos estudantes da escola, a priori em troca de uma quantia de dinheiro", relatou uma fonte próxima à investigação.

As prisões provisórias desses últimos dias buscam determinar as possíveis responsabilidades dos estudantes neste caso, segundo a mesma fonte.

O atacante, que divulgou no Twitter uma foto do corpo decapitado pouco antes de ser morto pela polícia, já havia publicado imagens de decapitações. Sua conta foi alvo de atenção do governo, há alguns meses, mas não foi eliminada.

"Infelizmente, há muitas coisas desse tipo circulando. Por isso, a necessidade de trabalhar nesta questão", disse o ministro da Justiça, Dupond-Moretti.

Entre os 16 detidos, está o círculo familiar do assassino: seus pais, seu avô e seu irmão mais novo.

De acordo com uma fonte próxima ao caso, vários familiares de Abdullakh Anzorov declararam que a radicalização do assassino ocorreu há "poucos meses, menos de um ano".

Seu entorno familiar disse aos investigadores que Anzorov havia "mencionado a polêmica" com o professor, mas não seu plano macabro.

O pai da aluna que fez um apelo no Facebook por uma mobilização contra o professor também está preso.

Em uma mensagem divulgada na rede social, este pai pediu uma ação contra Paty, depois que sua filha assistiu à aula em que o professor exibiu charges de Maomé em uma aula sobre liberdade de expressão.

Fontes próximas informaram, nesta terça-feira, que o homem trocou mensagens por celular com o assassino nos dias anteriores ao ataque.

Além disso, ele compareceu à escola para reclamar do professor junto ao militante e pregador islâmico Abdelhakim Sefrioui, a quem o ministro do Interior Gerald Darmanin acusa de lançar uma "fatwa" contra o professor. O pregador foi detido no sábado.

Hoje, os deputados franceses fizeram um minuto de silêncio diante da Assembleia Nacional em Paris.

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