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Justiça alemã pede prisão internacional para Mossack e Fonseca pelo escândalo 'Panama Papers'

20/10/2020 10h40

Berlim, 20 Out 2020 (AFP) - As autoridades judiciais alemãs emitiram uma ordem de prisão internacional contra fundadores do escritório de advocacia panamenho Mossack Fonseca, que está no centro do escândalo conhecido como 'Panama Papers', que descobriu um esquema de evasão fiscal e foi revelado en 2016 por um consórcio internacional de jornalistas, informa o jornal alemão Sueddeutsche Zeitung (SZ) nesta terça-feira.

Os advogados Jürgen Mossack e Ramón Fonseca, suspeitos de ajudar na evasão fiscal e de associação criminosa, podem ser presos se tentarem entrar no território da União Europeia (UE), afirma o jornal, associado na matéria aos grupos audiovisuais regionais NDR e WDR.

Contactado pela AFP, um porta-voz da polícia de Colonia confirmou "a existência de duas ordens de detenção internacionais" emitidas "no âmbito da investigação em curso", sem especificar a identidade das pessoas procuradas.

Os dois homens, que têm passaportes panamenhos, estariam atualmente no país da América Central, que não extradita seus cidadãos, afirma o jornal. Os investigadores esperam que Mossack, que tem família na Alemanha, se entregue para negociar uma pena reduzida e escapar de um processo paralelo nos Estados Unidos.

Fonseca citou indiretamente as acusações.

"Sobre a Alemanha, vendemos empresas a um banco alemão que as revendeu a empresários que as usaram para questões tributárias com as quais NÃO temos nada a ver", escreveu em sua conta no Twitter.

"Nos incluíram, na minha opinião, para continuar com o ataque de descrédito que a União Europeia faz contra o Panamá", completou.

Fonseca culpou a "máfia esquerdista internacional" das acusações e questionou se a "Alemanha tem o direito de falar de Justiça quando nos Tribunais de Nuremberg condenaram e executaram apenas 14 nazistas", apesar dos milhões de mortos durante a Segunda Guerra Mundial.

O escândalo 'Panama Papers' explodiu em 3 de abril de 2016 com o vazamento de 11,5 milhões de arquivos digitais do escritório Mossack Fonseca, incluindo documentos sensíveis analisados pelo consórcio de jornalismo investigativo ICIJ que provocaram uma onda de choque mundial. O primeiro-ministro islandês Sigmundur David Gunnlaugsson renunciou após as revelações.

A análise dos documentos revelou um vasto sistema de sonegação fiscal por meio de empresas de fachada, no qual centenas de bancos ajudaram os clientes.

Ao menos 150 investigações foram abertas em 79 países sobre possíveis casos de fraude fiscal ou lavagem de dinheiro.

O escritório Mossack Fonseca anunciou em 2018 o fim de suas atividades devido aos "danos irreparáveis" a sua reputação. O Panamá luta para ser retirado da lista de paraísos fiscais.

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