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Briga com Guedes atinge ápice; Maia faz aposta ao sugerir queda de ministro

Presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e ministro da Economia, Paulo Guedes - ADRIANO MACHADO
Presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e ministro da Economia, Paulo Guedes Imagem: ADRIANO MACHADO
do UOL

Do UOL, em Brasília

30/09/2020 17h59Atualizada em 01/10/2020 10h56

Logo após o ministro da Economia, Paulo Guedes, falar que haveria um boato de que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, teria feito um "acordo com a esquerda" para travar privatizações, Maia rebateu fortemente a crítica e sugeriu que Guedes deveria deixar a função.

"Paulo Guedes está desequilibrado e deveria assistir o filme 'A Queda'", afirmou Maia, por mensagem, citando o filme que fala da queda de Adolf Hitler.

Esse é o ponto mais alto da briga entre os dois, que tinha como ápice até o momento o dia 3 de setembro, quando Maia disse publicamente que Guedes havia proibido sua equipe de manter contato com ele.

Ontem, Maia —que ainda está em casa por causa da licença por ter contraído o coronavírus— foi às redes sociais e fez o que pode ser considerada uma provocação a Guedes: "Por que Paulo Guedes interditou o debate da reforma tributária?".

No início da semana, ao anunciar as medidas que poderiam ser utilizadas para o Renda Cidadã, o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), falou que não havia acordo pelo texto do governo e que a reforma tributária ficaria para depois.

Ontem, em entrevista ao UOL, o ministro das Comunicações, Fabio Faria, que participou da reunião no Alvorada disse que a reforma tributária deve voltar a ser discutida apenas após as eleições municipais. Segundo ele, a discussão, que poderia gerar um novo tributo nos moldes da extinta CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), não tem maioria no Congresso para ser pautada antes do pleito de novembro.

Maia, porém, acusou Guedes de que ele era o responsável pela demora de enviar ao Congresso o restante da reforma tributária.

Ação e reação

Auxiliares de Guedes torciam para que o ministro deixasse a provocação de lado e não respondesse. Era esse o combinado. Mas o ministro não se segurou. Em transmissão para comentar os dados do emprego com carteira assinada, usou o nome de Maia e ainda falou em "acordo com a esquerda".

Auxiliares do presidente Jair Bolsonaro estão vendo a nova briga pública ainda de forma cautelosa e afirmam que não é hora de colocar mais lenha na fogueira.

No lado do ministro da Economia, a justificativa para que a briga tenha chegado ao "momento ápice" seria de que Maia —já perto do fim de seu mandato como presidente— estaria apelando. "Ele queria sair com legado e queria também usar nossas reformas para isso", disse um auxiliar de Guedes.

Dizem, ainda, que Maia se arrisca em uma "aposta alta", já que o ministro ainda goza da confiança do presidente. Mas admitem que, se a briga não for arrefecida, o presidente da Câmara ainda teria capital político para desarticular o governo.

Do lado de Maia, a avaliação é que o mandatário da Economia está "completamente perdido" e que ele ainda vive em um "fantástico mundo" onde tudo aconteceria do seu jeito.

Aliás, lembram essas fontes, Guedes havia dito, 85 dias atrás, em entrevista à CNN, que o governo faria "quatro grandes privatizações em 90 dias". Falta menos de uma semana. E é evidente que essa promessa não será cumprida.

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