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EUA punem chefe do conglomerado empresarial militar mais poderoso de Cuba

Sanções foram anunciadas por Mike Pompeo, chefe da diplomacia dos EUA -
Sanções foram anunciadas por Mike Pompeo, chefe da diplomacia dos EUA

De Washington

30/09/2020 23h22

O governo americano impôs nesta quarta-feira sanções ao general cubano Luis Alberto Rodríguez López-Calleja, chefe do conglomerado empresarial militar mais poderoso de Cuba, a mais recente medida de pressão contra Havana, semanas antes das eleições presidenciais nos Estados Unidos.

O Departamento do Tesouro incluiu em sua lista negra o general López-Calleja, diretor do Grupo de Administação Empresarial SA (Gaesa) e ex-genro do ex-presidente Raúl Castro, o que supõe o bloqueio de seus bens e ativos sob jurisdição dos Estados Unidos e a proibição de qualquer transação financeira com indivíduos e entidades americanas.

A Gaesa, holding estatal que abrange desde hotéis e supermercados até serviços portuários e alfandegários, controla, desde os anos 1990, amplos setores econômicos, em especial o do turismo, motor econômico de Cuba.

"A receita gerada pelas atividades econômicas do GAESA é usada para oprimir o povo cubano e financiar o domínio parasitário e colonial de Cuba sobre a Venezuela", afirmou o chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo, ao anunciar as sanções.

Cuba é um aliado-chave do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, considerado por Washington um ditador. Para garantir o segundo mandato, o presidente americano, Donald Trump, precisa vencer na Flórida, onde sua base republicana inclui americanos de origem cubana e venezuelana que se opõem de forma ferrenha ao Estado comunista instaurado há seis décadas por Fidel Castro e ao "socialismo bolivariano" instaurado há 20 anos na Venezuela por seu discípulo Hugo Chávez, mentor de Maduro.

Os Estados Unidos e Cuba, rivais desde a revolução de Fidel Castro, em 1959, experimentaram uma reaproximação histórica promovida pelos ex-presidentes Barack Obama e Raúl Castro, que permitiu o restabelecimento das relações diplomáticas em 2015.

Mas com a chegada de Donald Trump à Casa Branca em 2017, Washington reforçou o bloqueio econômico à ilha que está em vigor desde 1962, em menção às violações dos direitos humanos do povo cubano e o apoio de Havana ao governo de Maduro.

Em novembro de 2017, o governo Trump incluiu o GAESA e o Ministério das Forças Armadas Revolucionárias (Minfar), ao qual pertence, em uma lista de instituições cubanas proibidas de realizar transações financeiras com cidadãos e empresas americanas, no âmbito de um memorando sobre o "fortalecimento da política para Cuba" publicado em junho do mesmo ano.

A GAESA, um holding estatal que abrange hotéis, supermercados e até serviços portuários e aduaneiros, controla grandes setores da economia desde a década de 1990, em especial o turismo, motor econômico da ilha.

Questionado pela AFP, John Kavulich, especialista em relações entre Washington e Havana, disse que a inclusão do general Rodríguez López-Calleja na lista da OFAC "não é surpreendente, dado seu papel no GAESA", antecipando que Washington continuará a mirar no conglomerado cubano independentemente de quem vença as eleições de 3 de novembr.

"O governo Trump continua focando, como um raio laser, em qualquer atividade econômica cubana relacionada com as Forças Armadas Revolucionárias (FAR)" da ilha, explicou, lembrando que um possível governo de Joe Biden, ex-vice-presidente de Obama, continuará agindo de forma similar.

'Oportunismo eleitoral'

López-Calleja, filho de Guillermo Rodríguez del Pozo, líder comunista histórico já falecido, foi casado com a primogênita de Raúl Castro, Deborah, e é considerado um general bastante influente em Cuba.

Sem citar as sanções contra o chefe do Gaesa, o chanceler cubano, Bruno Rodríguez, voltou a repudiar o embargo americano. "As medidas que, com oportunismo eleitoral, são anunciadas semanalmente reforçam a firme vontade de resistência", tuitou.

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