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Debate Trump x Biden: o que tem de verdade ou não nas afirmações dos dois candidatos a presidente dos EUA

O primeiro debate entre os principais candidatos foi classificado pela imprensa americana como caótico - AFP
O primeiro debate entre os principais candidatos foi classificado pela imprensa americana como caótico Imagem: AFP

30/09/2020 12h31

O presidente americano Donald Trump e o democrata Joe Biden fizeram na terça-feira o primeiro dos três debates eleitorais antes da votação, que acontece em novembro.

Durante 90 minutos tensos, eles entraram em confronto sobre temas como a economia e o coronavírus. A Equipe Reality Check (que checa a veracidade de fatos) da BBC analisou algumas das declarações dos candidatos.

Trump: "Construímos a maior economia da história"

Veredicto: Isso não está certo - houve momentos na história dos EUA em que a economia estava mais forte.

Antes do surto do coronavírus, o presidente Trump afirmou ter gerado um crescimento econômico histórico. É verdade que a economia estava indo bem antes da pandemia - continuando uma tendência que começou durante o governo de Barack Obama - mas houve períodos em que ela já foi muito mais forte.

Crescimento econômico dos EUA desde 1950 - BBC - BBC
Imagem: BBC

Biden: "Temos 4% da população mundial, [mas] 20% das mortes"

Veredicto: Isso é quase correto. Mas, olhando para as mortes por coronavírus per capita, há vários países que estão em situação pior do que os Estados Unidos, inclusive o Brasil.

Biden criticou a gestão do presidente Trump na resposta ao coronavírus. Tomando como base os números, sua afirmação é correta. A população dos Estados Unidos é de cerca de 328 milhões, o que representa pouco mais de 4% da população global de 7,7 bilhões.

Houve 205.942 mortes por coronavírus registradas nos Estados Unidos, de acordo com os dados mais recentes da universidade John Hopkins. No momento do fechamento desta reportagem, o número total de mortes registradas em todo o mundo é de 1.004.808.

Por essa métrica, os Estados Unidos são responsáveis por cerca de 20% das mortes de Covid-19 em todo o mundo, embora a forma como os países registram seus números varie consideravelmente.

Trump: O aumento nas cédulas postais causará "uma fraude como você nunca viu antes"

Veredicto: Estudos não encontraram evidências de fraude generalizada, embora tenham ocorrido casos isolados.

Devido à pandemia do coronavírus, espera-se que uma grande proporção dos eleitores dos Estados Unidos use o voto por correspondência nas eleições deste ano. O presidente alertou repetidamente que isso levará a uma fraude generalizada.

Houve casos isolados de fraude, incluindo exemplos recentes na Carolina do Norte e Nova Jersey.

Em setembro, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos divulgou um comunicado sobre um incidente na Pensilvânia em que "nove votos militares foram descartados" e disse que sete deles "foram dados ao candidato presidencial Donald Trump".

Mas, apesar de tais incidentes, vários estudos não revelaram evidências de fraudes importantes e generalizadas. A taxa geral de fraude eleitoral nos Estados Unidos está entre 0,00004% e 0,0009%, de acordo com um estudo de 2017 do grupo Brennan Center for Justice.

Biden: "100 milhões de pessoas [nos EUA] têm problemas de saúde preexistentes"

Veredicto: Não há uma resposta definitiva para isso.

Os candidatos entraram em confronto sobre quantas pessoas nos EUA têm problemas de saúde preexistentes, o que pode impedir que alguns americanos sejam cobertos por planos de saúde privados.

Biden disse que havia 100 milhões de pessoas com doenças preexistentes, mas o presidente Trump disse que esse número estava "totalmente errado".

Então, quantos são? Não há uma resposta definitiva.

De acordo com o Departamento de Saúde e Serviços Humanos do governo dos Estados Unidos, entre 50 e 129 milhões de americanos não-idosos têm algum tipo de problema de saúde preexistente.

Outras organizações têm estimativas diferentes. O Center for American Progress acredita que o número real é maior - 135 milhões de pessoas com menos de 65 anos.

Trump: "Estamos a poucas semanas de uma vacina"

Veredicto: Há uma "chance muito, muito baixa" de uma vacina aprovada estar pronta até o final de outubro, disse o principal conselheiro científico do programa de vacinas dos Estados Unidos.

Moncef Slaoui fez essa avaliação cautelosa no início de setembro.

Enquanto isso, o Dr. Anthony Fauci, o maior especialista em doenças infecciosas do país, previu que os Estados Unidos saberão se há uma injeção segura e eficaz em novembro ou dezembro deste ano. Ele disse em uma audiência no Senado neste mês que poderá haver doses suficientes para todos os americanos até abril.

Biden: "A indústria foi para o buraco" antes do coronavírus

Veredicto: Isso não está certo, de acordo com os números.

O candidato democrata Joe Biden sugeriu que, mesmo antes da covid-19, "a indústria manufatureira já havia ido para o buraco".

A pandemia teve impacto neste setor. Em agosto, havia 237 mil empregos industriais a menos nos Estados Unidos do que quando Trump assumiu o cargo em 2017.

Mas antes do surto, o presidente Trump havia acrescentado quase meio milhão de empregos na indústria durante seus primeiros três anos no cargo.

Trump: Biden já chamou os afro-americanos de "superpredadores"

Veredicto: Isso não está certo. Ele usou a palavra "predadores", mas não para se referir aos afro-americanos.

Em 1993, Biden alertou sobre "predadores em nossas ruas" durante um discurso antes da votação de um projeto importante sobre crimes no Congresso.

Não houve menção específica aos afro-americanos, mas o projeto de lei sobre o crime foi posteriormente criticado por aumentar o encarceramento em massa que afetou desproporcionalmente os homens afro-americanos.

O termo "superpredador" foi usado por Hillary Clinton em 1996 em apoio ao polêmico projeto de lei.

Clinton disse: "Precisamos enfrentar essas pessoas. Elas costumam estar ligadas a grandes cartéis de drogas, não são mais apenas gangues de crianças. Frequentemente, são o tipo de criança chamada de superpredadores - sem consciência, sem empatia".

Biden: "Trump não baixou os preços dos medicamentos para ninguém"

Veredicto: O custo médio mensal dos medicamentos prescritos caiu ligeiramente no ano até agosto de 2019, embora tenha subido novamente.

De acordo com o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) do instituto Bureau of Labor Statistics - que mede o custo dos utensílios domésticos nos EUA - o custo médio mensal dos medicamentos prescritos caiu 0,3% no ano até agosto de 2019.

Esta foi a primeira redução de preços em um período de 12 meses desde 1973. Enquanto os preços médios dos medicamentos aumentaram 1,5% no ano seguinte, sob Trump os aumentos médios foram menores do que sob Obama.

O IPC não é necessariamente a forma mais confiável de se mensurar o preço dos medicamentos, pois inclui medicamentos de uso geral, que costumam ser mais baratos. É menos provável que inclua medicamentos mais novos ou menos prescritos, que são mais caros e têm maiores aumentos de preço.

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