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Suíça rejeita por ampla maioria limitar a livre circulação com a UE

27/09/2020 14h40

Genebra, 27 Set 2020 (AFP) - Os suíços decidiram, por uma maioria esmagadora, dizer "não" à restrição de imigação de cidadãos da UE, para alívio dos meios empresariais, e votaram a favor de uma licença paternidade de duas semanas, já que os pais jovens até agora tinham direito a apenas um ou dois dias.

Os votantes rejeitaram por 61,7% a iniciativa da direita populista da UDC, o maior partido do país, que denuncia "uma imigração descontrolada e desproporcional" e considera que "há empregos ameaçados" pelo Acordo de Livre Circulação de Pessoas (ALCP) assinado em 1999 com a União Europeia.

Este resultado foi ainda mais contundente devido à alta taxa de particiapão, cerca de 59% dos habilitados.

Para que sua proposta fosse adotada, precisava não apenas da maioria dos votos, mas também da maioria dos 26 cantões suíços.

Os outros partidos e os meios econômicos são claramente favoráveis às fronteiras abertas com uma UE que é o maior parceiro comercial da Suíça. Assim como ocorre com as regiões fronteiriças, muitos dependem da mão de obra de países vizinhos da UE.

Apesar de as pesquisas sugerirem que a proposta da UDC estava condenada ao fracasso, o resultado foi o mais esperado entre toda uma série de questões sobre as quais os suíços tiveram que votar neste domingo.

No entanto, o breve triunfo do "sim" no referendo de 2014 sobre cotas de imigrantes -impulsionado pela própria UDC- gerou cautela.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, chamou o resultado de "sinal positivo". "Seu voto valida um dos pilares centrais de nossa relação: a liberdade mútua de circulação, de viver e trabalhar na Suíça ou na UE (...) isso ajuda a consolidar e aprofundar nossa relação", disse.

- Cláusula da guilhotina -O governo suíço havia alertado que devido à chamada "cláusula da guilhotina", uma denúncia unilateral da ALCP conduziria, ao longo de seis meses, à ruptura automática de outros seis acordos bilaterais (sobre contratação pública, agricultura e transporte terrestre) e também correria o risco de questionar outros tratados concluídos com a UE.

A UDC, partido claramente anti-europeu e cujos cartazes com ar xenófobo geram polêmica, realizou sua campanha com o slogan "Trop, c'est trop" (muito é muito).

Antes deste referendo, em Bruxelas, Dana Spinant, porta-voz da Comissão Europeia, não quis comentar sobre o voto, mas lembrou que a UE tem a intenção de aprovar o acordo marco com a Suíça "o mais rápido possível, uma vez que se esclareçam os pontos" levantados por Berna sobre a proteção salarial e as ajudas estatais.

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