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Uma vida devastada pelo atentado do Oktoberfest de 1980

26/09/2020 11h28

Munique, Alemanha, 26 Set 2020 (AFP) - Na noite de 26 de setembro de 1980, Robert Platzer, de 12 anos, era feliz porque acabava de participar das atrações, comia doces e inclusive comprou um balão de hélio no Oktoberfest de Munique. No entanto, uma explosão mudou sua vida para sempre.

Quando estava prestes a sair desta grande festa popular, com seus pais e quatro irmãos e irmãs, viu um homem de costas, com as mãos enfiadas em uma lata de lixo. A mesma a qual sua família se dirigia para jogar o lixo. E, de repente, houve uma explosão.

"Houve uma grande chama, fui jogado vários metros para trás", lembra ele.

Uma bomba colocada no lixo acabava de explodir a apenas alguns passos das atrações da feira e das barracas de cerveja.

Treze pessoas, incluindo o autor do atentado, Gundolf Köhler, morreram e mais de 200 ficaram feridas. Este foi o atentado da extrema direita mais mortal da Alemanha desde 1945.

- Uma família dizimada -Ilona (8 anos), a irmã de Robert, morreu na hora. Seu irmão pequeno, Ignaz, de 6 anos, morreu na ambulância que o levava ao hospital.

Seus pais ficaram gravemente feridos. Sua irmã, Elizabeth, sobreviveu ao atentado, mas morreu de uma overdose quando tinha 24 anos. Seu irmão Wilhelm se jogou no metrô em 2008, quando tinha 42 anos.

Quarenta anos depois, este homem alto, de cabelos grisalhos e sorriso honesto, não esqueceu as lembranças de sua infância.

No entanto, tem outra cicatriz mais profunda, de uma ferida difícil de fechar: a do abandono do Estado, segundo ele.

"Nunca nos ofereceram ajuda psicológica. E, alguns meses após o ataque, os médicos me declararam saudável, simplesmente porque eu podia caminhar", explica.

Também está frustrado com a "fraqueza" das ajudas financeiras pagas aos feridos. Isso, no entanto, pode mudar: no início de julho, a investigação foi definitivamente fechada, estabelecendo que Gundolf Köhler cometeu um atentado político.

Essa conclusão permite a criação de um fundo de indenização, ao qual o governo bávaro e o Estado federal alemão deveriam dotar, cada um, 500.000 euros (581.500 dólares) e a cidade de Munique, 200.000 euros (232.600 dólares).

Mas, para Robert Höckmayr, "quarenta anos depois, é um pouco tarde".

No dia do aniversário do atentado, a cidade de Munique planejou inaugurar um novo local de informação e Robert participará da cerimônia com um discurso. "Inclusive aqui, muita gente sabe que aconteceu algo em 26 de setembro de 1980, mas não sabem o que", lamenta Robert.

Este ano, a festa da cerveja foi cancelada por causa da pandemia de coronavírus. Para Robert Höckmayr, no entanto, isso não mudou nada, pois nunca mais voltou nem à feira, nem às barracas de cerveja. "O dia do atentado foi a primeira e a última vez que fui ao Oktoberfest".

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