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Por que empresas como Bmg e Roche decidiram não voltar ao escritório

Escritório da Roche Diagnóstica (SP), antes da pandemia: diante de "cenário crítico", retorno foi adiado - Divulgação/Roche Diagnóstica
Escritório da Roche Diagnóstica (SP), antes da pandemia: diante de "cenário crítico", retorno foi adiado Imagem: Divulgação/Roche Diagnóstica
do UOL

Diogo Antônio Rodriguez

Do UOL, em São Paulo

25/09/2020 04h00

Resumo da notícia

  • Empresas como Bmg, Roche e VR Benefícios decidiram não retornar ao escritório este ano
  • Companhias alegam que a principal preocupação é a saúde dos funcionários; produtividade do do home office também colabora
  • Adiamento também permitiria economia de custos com infra-estrutura e mais qualidade de vida aos colaboradores
  • Bmg, English Live e Dynatrace e outras empresas confirmam que manterão o formato de home office facultativo após a pandemia

Conforme as autoridades começam a flexibilizar as regras para o isolamento social em todo o Brasil, indústria, comércio e serviços estão lentamente retomando as atividades. Contrariando a tendência, porém, empresas como Bmg, Roche Diagnóstica e VR Benefícios decidiram prorrogar o home office —muitas delas, ainda sem data marcada para voltar.

"Os dados indicam que ainda enfrentamos um cenário crítico no Brasil", avalia Henrique Vailati, diretor de RH, comunicação e compliance da Roche Diagnóstica. Diante da falta de uma vacina ou um tratamento disponível contra o novo coronavírus, a empresa ainda não definiu uma data de retorno das equipes remotas.

Para o Bmg, nem mesmo uma eventual vacina, como a que o governador João Dória (PSDB-SP) anunciou já para outubro, seria o suficiente. "Não vejo, até o momento, o que poderia nos fazer reconsiderar essa decisão", afirma a CEO Ana Karina Bortoni Dias. "O home office vai permanecer até o início de 2021, podendo se estender caso ainda não seja seguro".

Proteção e "tempo livre" para os funcionários

A maioria das organizações consultadas pelo UOL Economia citaram a segurança dos funcionários como o principal motivo para não retomarem o trabalho presencial (o uso do transporte público foi um dos riscos de contágio mais lembrados).

Algumas partiram de demandas do próprio quadro de funcionários. "Realizamos uma primeira rodada de pesquisas internas para saber como estava o home office e como eles entendiam que deveríamos seguir nesse momento", afirma João Altman, diretor de RH da VR Benefícios. "Foi com base nesses resultados que decidimos estender o home office até o final do ano".

Home office - Yulissa Tagle/Unsplash - Yulissa Tagle/Unsplash
Empresas alegam quem home office trouxe mais qualidade de vida aos funcionários
Imagem: Yulissa Tagle/Unsplash
Na Atai Group, especializada em soluções contábeis para grandes empresas, a extensão também foi pensada para ajudar famílias com crianças. "O funcionário ganha tempo para estar com a família e os filhos, principalmente porque as escolas ainda não voltaram totalmente", afirma o diretor Marcio Tamura.

A percepção de "ganho de tempo" para a vida particular dos colaboradores também pesou na decisão de outras empresas. "Tivemos colaboradores que relataram uma melhoria na qualidade de vida. Por exemplo, perdiam três horas por dia no trânsito, e agora usam esse tempo para se exercitar", afirma Eliana Aguiar, gestora de Recursos Humanos da Dynatrace.

Para a a empresa de software para gestão de negócios, o trabalho remoto também fez bem ao caixa. Assim como outras empresas, sua produtividade não caiu, mas seus custos com o escritório físico foram reduzidos em 70%. Por enquanto, a Dynatrace segue sem nenhum plano de retorno ao trabalho presencial.

Home office para sempre?

Ana Karina Bortoni Dias, CEO do Bmg - Marcio Ito (Divulgação)/Bmg - Marcio Ito (Divulgação)/Bmg
Ana Karina, do Bmg: banco reformulará seu espaço físico para o home office facultativo
Imagem: Marcio Ito (Divulgação)/Bmg
Em algumas empresas, é possível que os funcionários jamais voltem a pisar em um escritório. Muitas delas já têm planos para manter o home office facultativo ou parcial mesmo após o fim da pandemia. Esse novo modelo também seria útil caso o país sofra uma nova onda de contágio, como a que ocorreu na Europa em agosto.

No Bmg, os colaboradores poderão escolher quantos dias querem trabalhar de casa e quantos no escritório. E as salas já estão sendo reformulados para essa função. "Queremos que [o ambiente] seja algo inovador, social, que seja realmente um atrativo para quem decidir estar na empresa fisicamente", afirma a CEO Ana Karina.

Na Consolide, especializada em registro de marcas, realizará algo parecido. Manterá apenas algumas reuniões físicas para estimular a interação, "algo muito importante para mantermos a nossa cultura organizacional", segundo CEO Alan Marcos.

Wagner Domingues, diretor de Pessoas no Brasil e na América Latina da empresa de e-learning EF English Live, também propôs "um home-office parcial, permitindo que os colaboradores continuem trabalhando alguns dias de suas casas". Mas é enfático: isso vai acontecer "apenas quando a vacina estiver disponível para a população".

O Prêmio Lugares Incríveis para Trabalhar é uma iniciativa do UOL e da Fundação Instituto de Administração (FIA) que vai destacar as empresas brasileiras com os mais altos níveis de satisfação entre os seus colaboradores. Os vencedores serão definidos a partir dos resultados da pesquisa FIA Employee Experience, que mede o ambiente de trabalho, a cultura organizacional, a atuação da liderança e a satisfação com os serviços de RH. A pesquisa já está na fase de coleta de dados das empresas inscritas e os vencedores do Prêmio devem ser anunciados em novembro.

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