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Ataque com arma branca deixa dois feridos perto da antiga sede do Charlie Hebdo em Paris

25/09/2020 13h40

Paris, 25 Set 2020 (AFP) - Quase seis anos após o atentado ao Charlie Hebdo, um ataque com arma branca deixou dois feridos nesta sexta-feira (25) perto da antiga sede do semanário satírico em Paris. Um suspeito foi rapidamente preso pela polícia e uma segunda pessoa foi posteriormente detida.

A promotoria antiterrorista francesa anunciou que assumirá a investigação, aberta por "tentativa de homicídio vinculada a um ato terrorista" e "associação criminosa terrorista".

Segundo os primeiros elementos da investigação, o principal suspeito é um paquistanês de 18 anos de idade. O segundo detido tem 33 anos e a polícia investiga sua relação com o autor principal.

Os dois feridos trabalham para uma produtora, a Premières Lignes, e "não correm risco de morte", informou o primeiro-ministro Jean Castex, que chegou ao local do ataque no início da tarde.

"É tão trágico ver novamente as imagens de um ataque na (rua) Nicolas Appert, cinco anos e meio depois daquele contra Charlie. Essa violência é um perigo para todos nós, na França e em outros lugares", reagiu no Twitter o secretário-geral da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), Christophe Deloire.

Jean Castex expressou o "compromisso inabalável" do governo "com a liberdade de imprensa e sua vontade resoluta de lutar contra o terrorismo".

- Principal autor detido -A redação do Charlie Hebdo, instalada em local mantido em segredo e sob alta proteção desde o ataque islamita que dizimou sua equipe, expressou no Twitter "seu apoio e solidariedade aos ex-vizinhos e companheiros da PLTVfilms e às pessoas afetadas por esse ataque odioso".

"O autor principal foi preso e encontra-se sob custódia policial", explicou o procurador de Paris, Rémy Heitz, presente no local.

Ele não revelou mais detalhes sobre sua identidade ou motivação, acrescentando que uma segunda pessoa foi presa para verificar suas "relações com o autor principal".

O principal suspeito foi preso na Place de la Bastille, perto do local de ataque, segundo a sede da polícia.

A rua Nicolas Appert, onde ficava a revista satírica, está bloqueada, com policiais armados posicionados no local.

"Dois colegas fumavam um cigarro perto da entrada do prédio, na rua. Eu ouvi gritos. Fui até a janela e vi um dos meus colegas, manchado de sangue, sendo perseguido por um homem com um facão na rua", testemunhou um funcionário da Agence Premières Lignes, que tem sede na rua.

"Por volta do meio-dia saímos para almoçar num restaurante. Quando chegamos, a dona começou a gritar 'corram, corram', tem um atentado... A gente correu e se escondeu dentro da nossa loja com quatro clientes", contou à AFP Hassani Erwan, de 23 anos, um cabeleireiro.

"Extremamente chocado com o atentado assassino perto das antigas instalações do #CharlieHebdo, em um bairro de Paris que já pagou um alto preço pela violência terrorista", reagiu no Twitter a presidente da região Île-de-France, Valérie Pécresse.

- Ameaças recentes -O ataque ocorre em um momento em que a equipe do Charlie Hebdo é alvo de novas ameaças desde que republicou as charges Maomé em 2 de setembro, por ocasião da abertura do julgamento, programado até 10 de novembro, dos ataques de janeiro de 2015.

Após uma breve suspensão do julgamento, a audiência desta sexta-feira foi retomada sem qualquer menção pelo Tribunal Especial de Paris sobre este ataque, de acordo com um jornalista da AFP.

No início da semana, a diretora de recursos humanos do Charlie Hebdo, Marika Bret, precisou deixar sua casa por causa de ameaças consideradas graves.

Após as ameaças, o ministro do Interior, Gerald Darmanin, pediu a "reavaliação das ameaças que pesam sobre jornalistas e colaboradores do Charlie Hebdo".

Uma centena de meios de comunicação (jornais, revistas, canais de televisão e estações de rádio) publicaram uma carta aberta na quarta-feira pedindo aos franceses que se mobilizem em favor da liberdade de expressão.

Em 7 de janeiro de 2015, os irmãos Said e Cherif Kouachi atacaram a redação do Charlie Hebdo, matando 12 pessoas, incluindo os famosos cartunistas Cabu e Wolinski, antes de fugirem.

Sua jornada assassina terminou em uma gráfica em Dammartin-en-Goële, no subúrbio parisiense, onde se refugiaram antes de serem mortos pelo GIGN, o grupo de intervenção da gendarmaria francesa.

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