Volkswagen vai indenizar ex-trabalhadores que denunciaram ditadura militar no Brasil
A subsidiária da montadora alemã Volkswagen anunciou que vai indenizar ex-trabalhadores por violações de direitos humanos no Brasil. Como reconhecido pela própria empresa, seus serviços de segurança interna colaboraram com a ditadura militar brasileira (1964-1985) para identificar e deter vários trabalhadores da época.
O acordo entre a Volkswagen do Brasil e ex-trabalhadores e seus familiares, amparado pela Justiça brasileira, implica o pagamento de US$ 6,4 milhões pela empresa. O dinheiro permitirá indenizar várias pessoas e financiar diversos projetos, como um memorial às vítimas da ditadura militar brasileira.
Segundo relatório independente solicitado pela empresa, agentes de segurança da Volkswagen cooperaram com o regime ditatorial brasileiro entre 1969 e 1979. O regime foi responsável pela morte ou o desaparecimento de pelo menos 434 pessoas, segundo a Comissão Nacional da Verdade, que também instituiu que cerca de 20.000 pessoas foram torturadas.
Segundo diversos autos e depoimentos, alguns agentes de segurança da empresa colaboraram com as autoridades para prender pelo menos 7 funcionários da época, apesar de se saber que a polícia praticava tortura. O ativista comunista e dirigente sindical metalúrgico Lucio Bellentani foi, por exemplo, preso na fábrica de São Paulo, espancado e levado para um centro de tortura da polícia política, segundo o ex-trabalhador.
O historiador que escreveu o relatório estabeleceu que a gestão de segurança da empresa aparentemente agiu por iniciativa própria para denunciar os oponentes. No entanto, não há dúvida de que a Volkswagen do Brasil saudou o estabelecimento da ditadura que violou os direitos dos trabalhadores, diz o historiador.
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