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BC passará a publicar só um cenário para inflação, com câmbio por paridade do poder de compra

24/09/2020 13h25

Por Marcela Ayres

BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central adiantou nesta quinta-feira que, a partir do seu Relatório Trimestral de Inflação de dezembro, publicará sistematicamente apenas um cenário para a inflação, utilizando a taxa Selic da pesquisa Focus e taxa de câmbio seguindo trajetória de acordo com a teoria da paridade do poder de compra.

Em coletiva de imprensa, o diretor de Política Econômica da autarquia, Fabio Kanczuk, afirmou que a mudança valerá também para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em 27 e 28 de outubro.

"Esse será o único cenário a ser publicado de forma sistemática pelo BCB", disse a autarquia, defendendo que a iniciativa ocorre em meio a seu esforço para aumentar a efetividade de comunicação com a sociedade, tornando-a mais clara e relevante.

"A publicação, como regra, de apenas um cenário central de projeções de inflação evita sobrecarregar os documentos de divulgação do Copom com comparação mecânica de cenários", acrescentou o BC.

Segundo a autoridade monetária, esse procedimento é usual na experiência internacional de bancos centrais e "permitirá aprofundar o foco na análise econômica das projeções, tornando o documento mais simples e efetivo".

Ainda que essa passe a ser a diretriz geral, o BC não excluiu a possibilidade de publicar cenários alternativos, considerando outras hipóteses para o câmbio e outras variáveis relevantes.

"A gente vai começar a focar nos cenários que a gente considera mais importantes, com mais análise econômica, e mostrar um pouco as coisas que estão na cabeça do comitê. Eu estou preocupado com esse cenário, ou com esse, é esse balanço que a gente pretende dar", disse Kanczuk.

No Relatório Trimestral de Inflação desta quinta-feira, o BC publicou, como de costume, suas projeções centrais para o IPCA em quatro cenários diferentes: com Selic e câmbio constantes; Selic e câmbio Focus; Selic Focus e câmbio constante e Selic constante e câmbio Focus.

Já nos documentos de suas decisões do Copom, o BC vinha abrindo suas projeções de inflação por dois cenários: híbrido, com Selic Focus e câmbio constante, e com Selic e câmbio constantes.

Em um box sobre a paridade do poder de compra no relatório, o BC afirmou que, embora a trajetória de taxa de câmbio constante tenha como qualidade a simplicidade e a consonância com evidências que apontam para as dificuldades em se prever essa variável, ela não considera os potenciais efeitos do diferencial entre as inflações doméstica e externa sobre o câmbio --algo contemplado na teoria da paridade do poder de compra (PPC).

"Dado que a inflação no Brasil tende a ser superior à externa, a adoção de hipótese de trajetória de câmbio de acordo com a PPC evitaria a utilização de trajetória de apreciação real do câmbio, apreciação essa que eventualmente levaria a uma subestimação das projeções de inflação", disse o BC.

O diferencial de inflação considerado será a diferença, a cada ano, entre a meta para a inflação no Brasil e a inflação externa de longo prazo, considerada como de 2% ao ano, descrita pelo BC como em linha com a meta para a inflação da maioria dos países desenvolvidos.

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