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Discurso de Bolsonaro na ONU: 3 pontos sobre economia

do UOL

23/09/2020 18h20

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), como é de tradição da história da diplomacia brasileira, abriu a 75ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) com um discurso, desta vez gravado por conta da pandemia do novo coronavírus. Pontos polêmicos sobre o meio ambiente e as queimadas no Pantanal ganharam o noticiário, mas o discurso também foi repleto de falas e bandeiras econômicas.

Eu sou Yolanda Fordelone, economista do Econoweek, e na live de hoje, que você acompanha no vídeo acima, destaco três pontos:

Auxílio emergencial, empresas e desemprego

A popularidade do governo vem crescendo desde do começo da distribuição do auxílio emergencial e isso tem sido visto como um ativo político poderoso para as eleições municipais já neste ano e as no âmbito executivo em 2022.

Em seu discurso, o presidente citou a distribuição de cerca de US$ 1 mil em auxílio a 65 milhões de famílias, dado que foi questionado por jornalistas e nas redes sociais. No total, foram cinco parcelas de R$ 600 e quatro de R$ 300, o que soma R$ 4200, ou US$ 769 com base no fechamento do dólar nesta terça-feira (R$ 5,46).

Também foi mencionado o socorro a empresas e ajuda a ações de saúde, uma soma de US$ 100 bilhões. A fala serve como pano de fundo para demonstrar uma preocupação não só com falências de micro e pequenas empresas, mas com o desemprego que foi citado logo no início do discurso, apesar de não terem sido abordadas ações concretas além destas ajudas. O desemprego, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), bateu 13,6% em agosto.

Produção de alimentos, exportações e inflação

O discurso não mencionou diretamente o aumento de preços, algo que ganhou o noticiário nas últimas semanas devido à alta do arroz, mas nas entrelinhas podemos extrair algumas falas relacionadas ao problema.

Bolsonaro ressaltou que a produção rural não parou durante os meses de pandemia, assim como a logística de distribuição de alimentos interna e externa. Com isso, fica subentendido que a produção tem abastecido os dois mercados. Especialistas, porém, apontam que a alta recente dos alimentos está relacionada à alta do dólar e do aumento das exportações.

Mesmo tendo falado do mercado interno nesta parte do discurso, Bolsonaro se estendeu mais ressaltando o papel importante das exportações e do Brasil no mercado mundial de alimentos. Disse, por exemplo, que "o Brasil desponta como o maior produtor mundial de alimentos". Também falou que "o Brasil contribuiu para que o mundo continuasse alimentado", assim como "garantimos a segurança alimentar a um sexto da população mundial".

Por fim, disse ainda que o país está aberto ao mundo no melhor que temos a oferecer, os produtos do campo, que nunca exportamos tanto e que o mundo está cada vez mais dependente do Brasil para se alimentar.

A leitura é que para além do problema interno de preços, o governo tentou traçar uma história positiva de contribuição para o mundo e fortalecimento das exportações. E de fato as vendas para o mercado externo têm batido recorde: somaram 130,2 milhões de toneladas de janeiro a agosto contra 111,2 milhões de toneladas no mesmo período em 2019.

Leilão 5G e soberania nacional

A questão da soberania versos globalização também apareceu nas entrelinhas no discurso em dois momentos. O presidente apontou que o país não pode depender apenas de poucas nações para a produção de insumos e meios essenciais para a sobrevivência.

Em outra parte da fala, disse "o Brasil está aberto para o desenvolvimento de tecnologia de ponta e inovação, a exemplo da Indústria 4.0, da inteligência artificial, da nanotecnologia e da tecnologia 5G, com quaisquer parceiros que respeitem nossa soberania e prezem pela liberdade e pela proteção de dados".

Chamou a atenção aqui o leilão da tecnologia 5G. Nos bastidores, as informações são de que o governo recebe pressão dos EUA para barrar a empresa chinesa Huawei no processo e o próprio presidente já afirmou em uma live que será ele mesmo que decidirá quem participa.

A participação da gigante chinesa é polêmica porque os EUA dizem estar no centro da decisão o acesso a dados que a empresa tem e, por tabela, a soberania dos países. Nos EUA, inclusive, já foi proibido que empresas de lá trabalhassem com a Huawei. As empresas de telefonia brasileira, porém, defendem a participação devido a enorme infraestrutura da chinesa e barateamento de custos.

O leilão deve ocorrer no primeiro semestre de 2021 e especialistas da área apontam que pode ser um dos maiores do mundo.

A íntegra do discurso você pode ler aqui.

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