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Suspeita de matar namorado diz que usou cano de narguilé para se defender

O casal Adailton Gomes e Nicole Maria - Arquivo Pessoal
O casal Adailton Gomes e Nicole Maria Imagem: Arquivo Pessoal
do UOL

Galtiery Rodrigues

Colaboração para o UOL, de Goiânia

22/09/2020 17h51Atualizada em 29/04/2021 11h47

A jovem Nicole Maria, de 19 anos, suspeita de matar o namorado Adailton Gomes, 24, na tarde de sexta-feira (18), apresentou-se ontem ao delegado que investiga o caso e relatou ter usado o cano de um narguilé para se defender após uma discussão. A ação aconteceu em Aparecida de Goiânia (GO).

O laudo cadavérico ainda não foi concluído, mas a perícia já consegue afirmar, segundo o delegado Eduardo Rodovalho, do Grupo de Investigação de Homicídios (GIH), que Adailton morreu após ação humana, com uma perfuração no peito esquerdo que atingiu a base do coração.

Nicole e Gomes estavam juntos desde 2018. Ela relatou à polícia que, na sexta, os dois teriam se desentendido, durante ida a uma feira próxima a casa onde eles viviam juntos no Setor Village Garavelo, região metropolitana de Goiânia. No local, a briga começou por causa de um pastel e eles foram embora discutindo.

Em casa, segundo o relato da jovem ao delegado, a briga ficou pior. "A discussão ficou um pouco mais acalorada, falando alto um com o outro. Segundo ela, o rapaz falou que sairia de casa e tiraria as coisas dele de lá. Em determinado momento, ele teria quebrado alguns objetos no local, incluindo alguns narguilés e ela ficou muito irritada", conta o delegado.

No decorrer da briga, de acordo com a versão de Nicole, o namorado teria partido para cima dela segurando a base de um narguilé quebrado e a jovem, para se defender, pegou outra parte do objeto. "Perguntei qual, ela falou que seria o canudo do narguilé. Ela não falou em agulha", diz o delegado.

Investigação não acredita em uso de agulhas

A princípio, surgiu a informação de que Nicole teria usado a agulha do narguilé para matar o rapaz, geralmente utilizada para perfurar o papel alumínio do objeto. Eduardo Rodovalho, responsável pela investigação, considera incompatível a versão apresentada pela moça com o que foi identificado como lesão no corpo de Adailton.

"A agulha não foi, porque ela vai engrossando e o orifício foi muito pequeno. Não saiu nem sangue, pois não abriu o buraco. Na investigação, não tem essa informação do uso da agulha, porque não é compatível com o orifício causado", conta ele, que ainda aguarda a conclusão do laudo.

No depoimento, Nicole disse que o namorado caiu quando ela se defendeu e pensou que ele estivesse tendo um mal súbito, pois começou a agonizar no chão. O socorro foi chamado, segundo ela, e a polícia foi acionada logo depois de constatada a morte do rapaz. Nicole, no entanto, já não estava mais no local e disse ao delegado que decidiu sair da casa na hora, temendo a comoção da família do rapaz.

Mãe do rapaz acredita que nora não agiu sozinha

A mãe de Adailton, Maria das Graças de Abreu, de 46 anos, estava trabalhando, fazendo faxina, quando recebeu a ligação de um policial, dando a notícia da morte do filho.

"Ele perguntou primeiro se meu filho tinha algum problema de saúde e eu disse que não. Falei que a única coisa que ele teve, e ainda na infância, foi uma laringite, mas já tinha sido curada. Aí ele disse que meu filho tinha sentido uma dor forte no peito e caiu no chão", relata.

Maria diz estar em choque e não acreditar que o filho morreu. Ela também não acredita que Nicole tenha agido sozinha para matar Adailton. "Só uma pessoa não daria conta. Meu filho era alto e forte", afirma.

No dia, segundo a mãe, o rapaz foi buscar as duas irmãs menores para ir à feira com ele e a namorada. As garotas presenciaram parte da discussão dos dois. Quando voltaram para casa e Adailton pretendia pegar a moto para levar as irmãs de volta, elas ficaram esperando do lado de fora, no portão.

As meninas só entraram, segundo Maria, quando ouviram os gritos de Nicole dizendo que Adailton estava passando mal. Uma das filhas disse ter visto o padrasto de Nicole no local e que ele teria ajudado a moça a sair da casa. As menores teriam ficado sozinhas esperando o socorro.

"Eu ainda estou em choque. Não acredito no que ela fez com o meu filho", conta Maria, que pretende levar as filhas para depor e dar a versão delas ao delegado. O sepultamento de Adailton foi na tarde de sábado. Ninguém da família de Nicole compareceu.

Nicole está em liberdade. O delegado diz que ainda não há elementos para pedir a prisão preventiva da moça, pois ela se apresentou espontaneamente e não representa risco

O UOL tentou contato com ela, mas ainda não obteve resposta. Os familiares de Adailton estão revoltados e pedem por justiça.

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