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Estudantes contestam monarquia e pedem novas eleições na Tailândia

Iniciado há três meses, o movimento se alastra, mas há um risco crescente de violência policial - Jack Taylor/AFP
Iniciado há três meses, o movimento se alastra, mas há um risco crescente de violência policial Imagem: Jack Taylor/AFP

19/09/2020 11h39

A mobilização de dois dias começou hoje e reuniu milhares de jovens nas ruas de Bangkok. Convocada pelos estudantes, a manifestação exige a demissão do primeiro-ministro e mudanças profundas na Tailândia. O movimento, iniciado nos últimos três meses, se alastra, mas há um risco crescente de violência policial.

No início desta tarde, os manifestantes conseguiram entrar na Universidade de Thammasat, que estava fechada. Eles controlam agora o campus, que fica no centro da capital, e devem passar a noite no local. Cantores e oradores se sucedem na tribuna.

As reivindicações não mudaram. Eles pedem a renúncia do governo, novas eleições, uma nova constituição, reforma da educação e até da monarquia, que é um tema tabu na Tailândia.

A Universidade de Thammasat é um local simbólico. Em outubro de 1976, dezenas de estudantes pró-democracia que protestavam contra a volta do regime militar no país foram mortos no campus pelas forças de ordem, apoiadas por milícias monarquistas.

Os manifestantes começaram a deixar o campus em passeata, com três dedos levantados em sinal de desobediência, em direção da Praça Sanam Luan, local de cerimônias oficiais, em frente ao Grande Palácio Real. Até amanhã, eles esperam reunir ao menos 50 mil pessoas nos protestos que seriam os maiores desde o golpe de Estado de 2014 que levou ao poder o atual chefe do governo, Prayut Chan-O-Cha. Depois, ele foi mantido no cargo após eleições contestadas pela oposição.

Queda de braço com o governo

Protesto na Tailândia - Jack Taylor/AFP - Jack Taylor/AFP
"Nossos impostos não podem pagar pelo poder do diabo", diz cartaz pró-democracia
Imagem: Jack Taylor/AFP

O movimento se transforma em uma queda de braço entre os estudantes e o governo. Vários analistas temem a violência e a repressão policial. Este é o caso de Anghana Neelapaijit, famoso advogado e defensor dos direitos humanos na Tailândia.

"A polícia, e principalmente os agentes à paisana, deveriam prestar atenção ao recorrer à violência. Sabemos que há 8 mil policiais uniformizados mobilizados, mas não sabemos quantos deles estão infiltrados, à paisana, nas manifestações", declarou o advogado à RFI.

Até agora, o governo tentou limitar o uso da violência. Apesar de diversos líderes do movimento de contestação terem sido detidos, todos foram libertados. Mas a situação poderia mudar se os estudantes se aliarem a outras forças da sociedade tailandesa, nomeadamente os Camisas Vermelhas, um grupo de camponeses do nordeste do país hostil ao governo.

A repressão poderia se intensificar também se o protesto visar os símbolos da monarquia.

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