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FHC diz que Bolsonaro foi eleito porque 'falou através das redes'

28.fev.2011 - O ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso (FHC, PSDB-SP) - Renato Araújo/Agência Brasil
28.fev.2011 - O ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso (FHC, PSDB-SP) Imagem: Renato Araújo/Agência Brasil
do UOL

Do UOL, em São Paulo

14/08/2020 15h30

Fernando Henrique Cardoso (PSDB) relacionou a eleição de Jair Bolsonaro (sem partido) com sua atuação nas redes sociais. Participando de uma live promovida pelo Instituto de Garantias Penais hoje, o ex-presidente da República disse que para avançar em qualquer situação atual, é preciso ter influência.

"Por que o presidente Bolsonaro está no poder? Porque ele falou através das redes. Quem não tiver influência nas redes, vai ter pouca chance de poder avançar", considerou.

O assunto debatido na live era a possibilidade de redigir uma nova Constituição para o Brasil. FHC citou o caso de Bolsonaro para exemplificar que o assunto ainda não está circulando nas redes sociais para, então, promover uma discussão.

"Não há nesse momento a possibilidade da população se preocupar com isso. Hoje o distanciamento entre o eleitor e o que acontece no poder aumentou, não diminuiu. E nós temos uma tradição que vem do Império, de olhar para quem manda, e achar que quem manda pode tudo, mas não pode", disse.

Nova Constituinte

Também participaram da live ao lado de Fernando Henrique Cardoso o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes, o ex-ministro do STF e da Defesa Nelson Jobim e o presidente nacional do PSDB Bruno Araújo.

Mendes foi cuidadoso ao analisar que uma nova Constituição para o país deve ser pensada com muito cuidado, mas não descartou a opção.

"A minha proposta é de que discutamos com muito cuidado e que analisemos com muita parcimônia a possibilidade de buscarmos um novo regime, um novo sistema de governo, que me parece que poderia ser formado nessa característica de semipresidencialismo, em que faríamos uma intervenção mínima e até dispensar plebiscito ou referendo", considerou o ministro.

Já Jobim e Araújo concordaram com FHC, afirmando que a proposta é um equívoco no momento.

"Eu acho um equívoco fazer uma nova constituinte, isso vai dar confusão. Pela vivência que nós tivemos, acho que não dá para tentar analisar essas coisas pela visão acadêmica. Lei é produto político, sistema de governo é produto político, não adianta chamar um grande acadêmico para reformar o sistema. Vamos discutir o processo constitucional brasileiro? Vamos, mas também vamos ver como as coisas aconteceram e não como deveriam ter acontecido", analisou Jobim.

"A possibilidade de uma nova constituinte se dá em um pacto social e nós estamos muito longe disso. Nitidamente, em qualquer conjuntura, no sentido de tratar a possibilidade da necessidade da nova constituinte, ela não tem o menor suporte político e social. E aqui não falo como partido", acrescentou Araújo.

Impactos da pandemia no Brasil

Mais uma vez citando a liderança e a influência como características necessárias para o avanço, Fernando Henrique Cardoso considerou que é preciso esperar a pandemia do novo coronavírus passar para ver as marcas deixadas no país.

"Nesse momento as pessoas estão com medo e querendo se salvar, mas isso vai acabar, eu espero. E quando acabar? Aí que nos vamos ver qual é o estado de ânimo da população. Quanto mais eu tenho vida longa, mais eu percebo que se você não tiver liderança, as coisas não avançam. Você tem que evitar o risco de imaginar que intelectualmente se resolva, mas também não se resolve sem liderança política", disse.

"Eu geralmente sou otimista, mas eu não sei se essa pandemia vai mudar muita coisa, para ser sincero. Um dos problemas mais graves na cultura brasileira é que os de cima não veem os de baixo, não há uma sensibilidade real para com o outro", acrescentou.

Desde o início da pandemia, a postura do presidente Jair Bolsonaro tem sido muito criticada. De acordo com o último balanço divulgado pelo Ministério da Saúde, o Brasil acumula 3.224.876 casos confirmados de covid-19 e 105.463 mortes causadas pelo novo coronavírus.

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