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Barcelona fará testes de Covid-19 em bairros de baixa renda para conter transmissões

13/08/2020 08h48

A epidemia de coronavírus não recua na Espanha. O país exibe atualmente os piores dados da Covid-19 na União Europeia. Para conter a cadeia de transmissões, o governo da Catalunha decidiu estender os testes massivos PCR, que já vem aplicando em outros municípios da província, a dois bairros da capital, Torre Baró e Besós, com maior incidência do vírus. São bairros com baixo nível socioeconômico e com uma população mais vulnerável.

Da correspondente em Barcelona

Recentes pesquisas feitas em Barcelona pelo Instituto de Pesquisas Médicas do Hospital del Mar (IMIM) e o Institut Universitari d'Investigació en Atenció Primària (IDIAPJGol) demonstram a relação direta entre a renda per capita dos bairros urbanos e a incidência da epidemia. As áreas de baixa renda foram as mais atingidas pela primeira onda do coronavírus.

De acordo com essas pesquisas, o distrito com menor rendimento médio de Barcelona (Nou Barris) registrou uma incidência de casos 2,5 vezes maior do que o de maior rendimento (Sarriá-Sant Gervasi). Uma situação, dizem os pesquisadores, extrapolável a qualquer área, pois constataram a relação direta entre a doença e a pobreza.

A prefeitura de Barcelona tem a intenção de estender os testes para outros bairros da cidade até conseguir controlar os contágios em todo o município.

Depois de mais de três meses de confinamento estrito na Espanha, o fim do estado de alarme, a chegada do verão e a abertura de fronteiras trouxeram novos surtos ao país. De acordo com informações da agência AFP, a Espanha registrou uma média de 4.923 casos diários nos últimos sete dias, um número superior aos da França, do Reino Unido, da Alemanha e da Itália juntos.

Os últimos relatórios do Ministério da Saúde dão conta de 1.690 novos positivos de segunda para terça-feira passada, sem contar os dados de Madri, que por questões técnicas não foram contabilizados. O número total de infecções na Espanha desde o início da pandemia é 329.784; 28.579 pessoas morreram em decorrência da nova pneumonia viral, 65 na última semana.

No final do estado de alarme, em 21 de junho, a Espanha registrava 238 casos diários de infectados e o índice era de 8 para cada 100 mil habitantes. Agora, a proporção é de 98 casos por 100 mil habitantes. As regiões espanholas mais afetadas são Aragão, com 306 infectados em 24 horas, seguida do País Vasco com 268, Andaluzia com 202 e Catalunha com 200.

Galícia proíbe cigarro nas vias públicas

Em outro ponto do país, na Galícia, a região que faz fronteira com o norte de Portugal, é proibido fumar a partir desta quinta-feira (12) nas vias públicas e nos espaços exteriores, incluindo as mesas nas calçadas de bares e restaurantes, a não ser que se garanta o distanciamento de dois metros.

O presidente do governo local afirmou que tomou a decisão seguindo as diretrizes de um comitê de especialistas que consideram a fumaça do tabaco ou dos cigarros eletrônicos um fator de difusão do vírus.

O fim do confinamento e a necessidade de reativar o turismo, a principal indústria do país, propiciaram a saída em massa das pessoas às ruas, o movimento entre cidades e o relaxamento das medidas de segurança, principalmente entre os mais jovens.

O aumento dos contágios era previsível, mas o que os epidemiologistas reclamam é da falta de previsibilidade das autoridades.

Um grupo de 20 especialistas espanhóis, representativo da elite científica do país, publicou uma carta na prestigiada revista científica The Lancet solicitando uma auditoria nos sistemas epidemiológicos espanhóis para identificar as deficiências e estabelecer as reformas necessárias.

Na carta, eles se preguntam como é possível que a Espanha se encontre nesta situação de evolução negativa da doença tendo um sistema de saúde considerado um dos melhores do mundo. E eles apontam as deficiências: entre outras, falta de preparação dos sistemas de vigilância epidemiológica, baixa capacidade para aplicação de testes PCR, escassez de equipamentos de proteção do pessoal sanitário, reação tardia das autoridades centrais e regionais, processos de tomada de decisão lentos, elevados níveis de mobilidade da população, falta de coordenação entre as autoridades, envelhecimento da população, grupos vulneráveis e falta de preparação dos profissionais em asilos.

Juan Carlos I continua em paradeiro desconhecido em plena pandemia

Enquanto isso, em plena pandemia, o ex-monarca da Espanha Juan Carlos I continua em paradeiro desconhecido, depois de ter abandonado o país há uma semana. Nem o governo nem a Casa Real se manifestam. O primeiro-ministro Pedro Sánchez diz que é um assunto privado e corresponde ao ex-monarca revelar onde se encontra.

Juan Carlos I está sendo investigado pelo Supremo Tribunal espanhol por indícios de crime fiscal e lavagem de dinheiro relacionados com possíveis comissões ilícitas. Ele teria recebido US$ 100 milhões, depositados em uma fundação, pelo então rei da Arábia Saudita pelas obras do trem de alta velocidade à Meca, levadas a cabo por empresas espanholas.

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