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Com centenas de presos e um ferido por arma de fogo, cresce a pressão internacional sobre Belarus

12/08/2020 16h41

Minsk, Bielorrússia, 12 Ago 2020 (AFP) - A polícia de Belarus anunciou, nesta quarta-feira (12), a detenção de centenas de pessoas e o uso de armas de fogo contra manifestantes na terceira noite de protestos contra o resultado das eleições de domingo (9), uma situação que provoca muitas críticas dos países ocidentais.

A polícia bielorrussa afirmou que foi atacada na terça-feira por um grupo de pessoas com barras de metal e que foi "obrigada a usar armas de fogo", o que deixou um manifestante ferido.

Nesta quarta-feira, as autoridades bielorrussas confirmaram a morte de um detido durante os protestos contra a reeleição do presidente Alexandre Lukashenko, o que representa a segunda morte devido à repressão brutal das manifestações a que os resultados oficiais respondem.

A Comissão de Investigação indicou que este homem de 25 anos morreu num hospital, sem especificar a data exacta, depois de ter sido detido no domingo numa "manifestação não autorizada" e após o seu estado de saúde "ter piorado repentinamente. "durante a prisão.

Os manifestantes em Belarus denunciam fraudes na reeleição do autoritário presidente Alexandre Lukashenko, no poder há 26 anos, ocorrida no último domingo.

Cerca de 1.000 pessoas foram presas na noite de terça-feira, de acordo com a polícia, e entre 2.000 e 3.000 nas duas noites anteriores. De acordo com o Ministério da Saúde, houve 51 feridos.

Para dispersar os manifestantes, a polícia usa granadas sonoras e balas de borracha.

Pelo menos um manifestante foi morto e mais de 250 feridos ficaram feridos, de acordo com dados oficiais.

Enquanto a União Europeia (UE) examina possíveis sanções contra Minsk, os ministros das Relações Exteriores do bloco se reunirão na sexta-feira, por videoconferência, para discutir, entre outros temas, o cenário em Belarus.

O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Mike Pompeo, afirmou nesta quarta-feira, durante uma visita a Praga, que o povo de Belarus tem o direito a desfrutar das liberdades que reclama".

"Pedimos que os manifestantes não violentos sejam protegidos", disse Pompeo.

O presidente francês, Emmanuel Macron também expressou "sua grande preocupação com a situação em Belarus" durante uma conversa telefônica com o mandatário russo, Vladimir Putin, enquanto o Ministério das Relações Exteriores alemão reprovou "o clima de intimidação, medo e violência".

A Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, condenou a repressão: "As pessoas têm o direito de se pronunciar e expressar sua discordância", afirmou em comunicado.

Letônia, Lituânia e Polônia, três países pertencentes à UE vizinhos de Belarus, também apresentaram um plano de mediação nesta quarta-feira.

A opositora Svetlana Tikhanovskaya, rival de Lukashenko na eleição presidencial, reivindicou a vitória antes de abandonar o país e buscar refúgio na Lituânia, o que ela fez, segundo o comando de sua campanha, por pressão das autoridades.

- "Aterrorizar" -Ao meio-dia desta quarta-feira, dezenas de mulheres vestidas de branco e com flores se reuniram no centro da capital bielorrussa para denunciar a violência policial.

"O amor não se impõe com força", podia-se ler em um dos cartazes.

Meios de comunicação críticos ao Executivo bielorrusso noticiaram atos similares em outros locais, enquanto circulavam nas redes sociais petições para novas manifestações na quarta-feira à noite.

Na noite anterior, segundo jornalistas da AFP, testemunhas e veículos da oposição, as forças de segurança atuaram em vários bairros de Minsk contra pequenos grupos e impediram a ampliação das concentrações.

Ian, um paramédico de 28 anos que participou nas três noites de protestos, acredita que a polícia tenta "aterrorizar as pessoas, para que permaneçam sentadas em suas casas e fiquem caladas".

"Eu também tenho medo", disse.

As forças de segurança também atuaram contra os motoristas que buzinavam em sinal de apoio aos manifestantes e entraram em edifícios para procurar algumas pessoas

Lukashenko chamou os manifestantes de "desempregados com um passado criminoso" que deveriam "estar trabalhando".

"Não haviam acontecido manifestações desta magnitude e duração, nem uma repressão de tal violência", disse Oleg Goulak do Comitê Helsinque da Belarus, uma ONG de defesa dos direitos humanos.

Lukashenko "tem o controle do aparato repressivo e assim aterroriza a população. Um regime como este cai somente em caso de divisão nas forças de segurança", comentou Alexander Baunov, do centro Carnegie de Moscou.

O chefe de Estado, de 65 anos, nunca permitiu um avanço da oposição, que carece de representação no Parlamento. A última onda de protestos, em 2010, também foi severamente reprimida.

Tikhanovskaya, de 37 anos, novata na política, mobilizou em poucas semanas, para surpresa geral, dezenas de milhares de pessoas.

Esta professora de inglês substituiu na disputa presidencial o marido Serguei, um conhecido blogueiro que foi detido em maio.

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