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SP: Mais de 1,5 milhão já tiveram contato com o novo coronavírus na capital

Testes reforçaram números que apontam maior prevalência de anticorpos em população de baixa renda, preta ou parda e com menor escolaridade - André Lucas\UOL
Testes reforçaram números que apontam maior prevalência de anticorpos em população de baixa renda, preta ou parda e com menor escolaridade Imagem: André Lucas\UOL
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Emanuel Colombari

Do UOL, em São Paulo

10/08/2020 17h20

A terceira fase do SoroEpi MSP, projeto de monitoramento da soroprevalência do novo coronavírus na cidade de São Paulo, apontou a presença de anticorpos em 17,9% da população adulta do município. Isso quer dizer que 1,5 milhão de moradores da capital paulista com 18 anos ou mais já tiveram contato com a covid-19.

Os dados apresentados hoje foram coletados entre os dias 20 e 29 de julho, com testes sorológicos em 1.470 indivíduos em 115 setores censitários do município. O projeto é uma iniciativa de cientistas e médicos da USP (Universidade de São Paulo) e da secretaria da Saúde do Estado de São Paulo.

Segundo os responsáveis pelas pesquisas, não foi possível apontar mudanças na soroprevalência da cidade de São Paulo entre a segunda e a terceira fases do monitoramento. Assim como na fase anterior, com testes entre 15 e 24 de junho, os piores números se concentram na população preta e parda, de escolaridade mais baixa e de baixa renda.

A soroprevalência se mostrou mais alta na população de renda média mais baixa (abaixo de R$ 3.349,00), com 22% das pessoas testadas apresentando anticorpos. Na população de renda média mais alta (a partir de R$ 5.541,00), o percentual é de 9,4%. Na renda média intermediária, os testes apontaram anticorpos em 18,4% da população testada.

Entre a população preta e parda, os anticorpos foram encontrados em 20,8% da população testada. O número é superior ao encontrado entre a população branca (15,4%) e de outras etnias (14,0%).

Entre os testados que não completaram o ensino fundamental, a soropositividade do Sars-Cov-2 é de 22,5%. Entre os que completaram o ensino fundamental, de 23,7%. Entre os que cursaram o ensino médio, o índice é de 17,5%. Entre os que têm ensino superior, 12,0%.

Já nos testes realizados em junho, o estudo apontou que a fração de pessoas infectadas nos bairros de baixa renda é 2,5 vezes maior que nos bairros de alta renda. Nos primeiros, a prevalência foi de 16%, enquanto nos segundos foi de 6,5%.

Com relação ao ensino, a presença de anticorpos entre a população que não completou o ensino fundamental (22,9%) em junho era 4,5 maior do que na população que completou o ensino superior (5,1%).

Volta às aulas

Como o recorte das pesquisas é para moradores de São Paulo com 18 anos ou mais, os responsáveis afirmam que os dados devem ter pouca influência a respeito da retomada de aulas na cidade. Hoje, em entrevista à rádio CBN, o prefeito Bruno Covas (PSDB) informou que aguarda inquéritos sorológicos com crianças de 4 a 14 anos para tomar decisões a respeito do tema.

"Isso é uma decisão para os políticos. O nosso objetivo aqui é dar dados para ajudar o governo a tomar suas decisões", explicou o biólogo Fernando Reinach, professor titular de bioquímica da USP e cientista residente do programa — que, no entanto, viu um resultado "animador" da terceira fase de testes.

"Como a gente não testou pessoas menores de 18 anos, o único dado que a gente está dando é que o número de pessoas infectadas é maior do que a gente sabia, e que não está crescendo mais de maneira absurda", completou.

O projeto

O objetivo do projeto é subsidiar políticas de prevenção e controle da pandemia da covid-19, levantando e oferecendo informações sobre o percentual de pessoas que já tiveram contato com o novo coronavírus e que poderão apresentar anticorpos — estando, desta maneira, protegidas contra o contágio.

O estudo consiste na aplicação de testes em amostras de sangue de adultos (a partir de 18 anos) para identificar quem já foi exposto ao vírus, mesmo entre casos assintomáticos. Os dados permitem estimar a fração de pessoas que podem ter desenvolvido imunidade à covid-19.

A terceira fase integra uma série de sete fases do projeto, iniciado em maio em parceria com Grupo Fleury, Ibope Inteligência, Instituto Semeia e Todos pela Saúde. Todas as terão resultados divulgados publicamente.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do que foi publicado, os dados da terceira fase do projeto foram coletados entre 20 e 29 de julho, e não de junho. A informação foi corrigida.

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