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Fiéis iniciam adeus ao bispo dom Pedro Casaldáliga

09/08/2020 20h05

Batatais (São Paulo), 9 ago (EFE).- Dezenas de fiéis começaram a chegar na madrugada deste domingo ao município de Batatais, em São Paulo, para acompanhar o velório do bispo dom Pedro Casaldáliga, conhecido como o "Bispo do povo" por sua luta em favor dos indígenas e dos menos favorecidos, na primeira despedida que será feita em seu país adotivo.

O religioso, nascido na Espanha, foi um revolucionário defensor dos direitos humanos e um dos promotores da Teologia da Libertação, em voga nas décadas de 1960 e 1970 na América Latina e que gerou polêmica na Cúria Romana por seus postulados sociais próximos ao marxismo.

Casaldáliga, bispo emérito de São Félix do Araguaia (MT), morreu ontem, aos 92 anos, em Batatais, após não ter conseguido superar uma infecção pulmonar. O missionário estava recluso há anos, pois sua saúde estava debilitada devido ao mal de Parkinson.

O modesto caixão em que seu corpo repousa ao pé do altar, na capela de Batatais, é cercado por madeira queimada e arame farpado, representando o desmatamento e a apropriação ilícita de terras, dois crimes contra os quais ele sempre lutou.

"Com sua morte, perde-se um intelectual, um verdadeiro pastor e profeta do nosso tempo", disse à Agência Efe, Eder Massakasu Ono, professor de liturgia, de 38 anos, que viajou de Sorocaba, município localizado a mais de 350 quilômetros de Batatais - um percurso de cerca de quatro horas -, para se despedir daquele que ele considerava "seu professor".

Mais tarde, os restos mortais de Casaldáliga serão levados para a capela do Centro Universitário Claretiano, onde está prevista uma cerimônia religiosa para 400 pessoas, oficiada pelo bispo de Ribeirão Preto, Moacir Silva.

Logo depois, o corpo embalsamado será transferido para o santuário dos mártires, no município de Ribeirão Cascalheira, em Mato Grosso, onde Casaldáliga testemunhou a morte de um amigo, padre João Bosco Penido Burnier, durante a ditadura militar.

Lá ficará toda amanhã e terça-feira, após a missa, seu corpo será levado para São Félix do Araguaia, onde foi bispo até 2005.

Junto com seus paroquianos mais próximos, acontecerá o último velório e na quarta-feira será sepultado, às 8h (de Brasília). EFE

mat/phg

(foto)(vídeo)

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