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DF: Delegado da Polícia Civil é alvo de ataque racista; suspeito é preso

do UOL

Nathalia Zôrzo

Colaboração para o UOL, em Brasília

09/08/2020 17h09

Um delegado da Polícia Civil do Distrito Federal foi vítima de racismo na noite dessa sexta-feira (7) quando estava em uma lanchonete com a filha no Lago Sul, região nobre da capital.

Ricardo Viana contou que foi até o balcão da lanchonete para perguntar se o pedido já estava pronto, quando foi surpreendido por um homem muito nervoso que se aproximou e o empurrou. Depois Pedro Henrique Martins Mendes, de 34 anos, xingou o delegado de macaco e disse que iria pegá-lo. Segundo o policial, não houve qualquer conversa ou discussão entre os dois antes daquilo. O homem simplesmente se aproximou e começou a insultá-lo.

Sem entender, Viana pegou a filha pela mão e tentou sair da lanchonete, mas o agressor o barrou, o empurrou novamente, continuou com os xingamentos e chegou a arremessar um chinelo. Os clientes tentaram intervir. Foi quando o delegado decidiu se identificar e deu voz de prisão ao agressor, que fugiu em seu carro.

Eu refleti bastante sobre aquele ato. Não agi como um policial. Eu estava ali como um cidadão, mas dei ordem de prisão ao indivíduo, me identifiquei como policial e ele resistiu àquela ordem e saiu correndo da lanchonete.

A Polícia Militar foi chamada e conseguiu capturar Pedro Henrique em seguida. Dentro do carro dele havia drogas. O homem foi preso e levado à delegacia e agora vai responder por injúria, injúria racial, vias de fato, ameaça e porte de drogas.

"Estou muito consternado com toda essa situação e não poderia me calar nesse momento. Eu não estou falando aqui como delegado de polícia, profissão que eu galguei com muito esforço, mas eu relato a vocês que nós vivemos um racismo estrutural. Convivo com isso desde que sou menino. Ganhei apelidos por causa da minha cor. Todas as vezes que a gente vai galgando algum espaço dentro da nossa sociedade essa ferida é tocada e eu exijo respeito", concluiu Ricardo Viana.

Segundo o delegado, que chefia a 3ª Delegacia de Polícia, no Cruzeiro (Distrito Federal), o suspeito tem um histórico de violência e já praticou um ato semelhante em 2019, quando xingou um gari de macaco na rua.

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