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Após negociações fracassadas, Bolívia segue sem previsão para eleição e protestos bloqueiam país

09/08/2020 16h57

Os diálogos paralelos que decidiriam a data das próximas eleições na Bolívia fracassaram. Diante do impasse, os protestos e bloqueios de avenidas continuam no país andino, que vive uma crise política em meio à pandemia de Covid-19.

Por iniciativa da Assembleia Legislativa, as primeiras conversas decorreram no sábado (8) até quase a meia-noite, e contaram com a mediação das Nações Unidas. O objetivo era acabar com as manifestações que surgiram após o terceiro adiamento das eleições. Mas no diálogo convocado para continuar este domingo (9) pela presidente interina da Bolívia, Jeanine Áñez, só estiveram presentes os partidos políticos menores, que juntos alcançaram votação inferior a 3% do eleitorado nas eleições anuladas.

Inicialmente, o processo eleitoral estava marcado para 3 de maio, mas a pandemia adiou as eleições para a primeira semana de agosto, depois para 6 de setembro, com o consentimento do Congresso. Por fim, o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) adiou novamente para 18 outubro, mesmo sem votação no Parlamento.

Essas eleições acontecem para substituir o voto de outubro de 2019, anulado após acusações de "manipulação maliciosa", segundo uma auditoria da OEA. A decisão gerou grandes protestos e a renúncia do então presidente, Evo Morales (2006-2019), que concorria à reeleição pela quarta vez.

Enquanto isso, continuam os manifestações iniciadas há uma semana, com bloqueios das estradas em seis departamentos do país, apesar dos consequentes prejuízos econômicos. O movimento também tem consequências sanitárias, já que impede a passagem de caminhões com suprimento de oxigênio para atendimento essencial de pacientes com o novo coronavírus, que até o momento já tem 90.000 casos e fez mais de 3.500 mortos na Bolívia.

Classe política dividida

O Movimento pelo Socialismo (MAS), de Morales, e grupos próximos, consideram que o último adiamento das eleições tinha como objetivo único prejudicar seu candidato, Luis Arce, que lidera as pesquisas eleitorais. Por sua vez, o presidente do TSE, Salvador Romero, aprovou a data de 18 de outubro como "definitiva, imóvel e inadiável do processo eleitoral de 2020".

Os presidenciáveis Carlos Mesa, Jorge Quiroga e Luis Fernando Camacho declinaram participar da reunião convocada por Áñez, que recebeu duras críticas de partidos menores, que pediram para que a mandatária desista da candidatura para dedicar-se unicamente ao exercício da presidência interina.

Luis Arce condicionou a aceitação de 18 de outubro como nova data das eleições à aprovação de uma lei, ao compromisso de que esta não seja novamente modificada e a que o acordo tenha aval internacional.

(Com informações da AFP)

 

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