Topo
Notícias

Tensão entre EUA e China se acirra após sanções contra autoridades de Hong Kong

08/08/2020 10h17

A China classificou neste sábado (8) como "bárbaras e rudes" as sanções impostas pelos Estados Unidos contra autoridades de Hong Kong na véspera. A troca de farpas é o mais novo capítulo na escalada das tensões entre as duas potências.

Em uma das decisões mais duras de Washington em relação a Hong Kong, desde que Pequim impôs a lei de segurança nacional ao território, o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos anunciou na sexta-feira (7) o congelamento dos bens americanos da chefe do Executivo Carrie Lam, bem como de 10 outras autoridades.

Pequim reagiu, chamando as sanções de "bárbaras e rudes". "As más intenções dos políticos americanos de apoiar as pessoas que são contra a China e querem semear a desordem em Hong Kong vieram à tona", disse, em comunicado, o Escritório de Representação do governo chinês em Hong Kong. Pouco antes, o secretário de Comércio da ex-colônia britânica, Edward Yau, havia chamado as sanções de "selvagens, desproporcionais e irracionais".

A medida também penaliza qualquer transação financeira dos Estados Unidos com os 11 funcionários em questão, incluindo Chris Tang, comissário de polícia de Hong Kong, e Luo Huining, diretor do Escritório de Representação. 

O chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo, declarou que "as medidas enviam uma mensagem clara de que as ações das autoridades de Hong Kong são inaceitáveis". Além disso, Pompeo afirmou que a lei, considerada por ativistas como uma arma legal para silenciar vozes dissidentes, violava as promessas feitas pela China antes de o Reino Unido devolver a colônia em 1997.

Resposta à lei de segurança nacional

As sanções americanas são uma resposta à adoção pela China, no final de junho, de uma lei de segurança em Hong Kong, após massivos protestos pró-democracia no ano passado. Desde então, as autoridades adiaram as eleições, com a justificativa da crise do coronavírus e, de acordo com Pequim, emitiram mandados de prisão para seis ativistas pró-democracia no exílio.

A nova ofensiva contra a China acontece depois que o presidente americano, Donald Trump, impôs, na quinta-feira (6), restrições significativas nos Estados Unidos contra os aplicativos TikTok e WeChat. Por decreto, ele deu aos americanos 45 dias para cessar os negócios com essas plataformas.

O presidente citou riscos à segurança nacional para justificar as medidas, que também colocaram em questão as operações americanas da Tencent, proprietária do WeChat, poderosa na indústria de videogames e uma das empresas mais ricas do mundo.

A China reagiu, denunciando "manipulação e uma repressão política e arbitrária" por parte dos Estados Unidos, de acordo com o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Wang Wengbin.

As novas restrições afundaram as ações da Tencent na bolsa de Hong Kong, que despencaram 10% antes de encerrar com uma queda de 5,04%, perdendo quase US$ 50 bilhões de capitalização.

Trump x TikTok

O decreto de Trump afirma que o TikTok pode ser usado pela China para rastrear funcionários federais americanos, armar armadilhas para chantagear pessoas e conduzir espionagem corporativa. TikTok, que nega compartilhar dados com o governo chinês, expressou seu desacordo com um decreto "emitido sem o devido processo".

O aplicativo de propriedade da ByteDance, com sede na China, prometeu buscar "todas as soluções disponíveis" para garantir a conformidade com a lei e ameaçou tomar medidas legais.

Enquanto o TikTok é uma plataforma de vídeo curtos que já ultrapassado os 2 bilhões de downloads em todo o mundo, o WeChat é uma plataforma de mensagens, mídia social e pagamento eletrônico que tem mais de 1 bilhão de usuários.

Recentemente Washington também entrou em confronto com a gigante chinesa Huawei, que acusa de ser uma ferramenta de espionagem para Pequim.

(Com informações da AFP)

Notícias