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Manifestantes tentam entrar no Parlamento em dia de protesto em Beirute

do UOL

Do UOL, em São Paulo*

08/08/2020 11h16Atualizada em 08/08/2020 14h10

Libaneses fazem hoje um grande protesto na capital Beirute. A manifestação é contra a classe política, a quem eles culpam pelas explosões que destruíram uma parte da área portuária da cidade na última terça-feira, deixando mais de 150 mortos, 6.000 feridos e dezenas de pessoas desaparecidas, além de quase 300.000 desabrigados.

Cerca de 5.000 manifestantes se reuniram na Praça dos Mártires para iniciar o protesto. Uma forca foi montada no local. A manifestação está sendo chamada de "Dia da Ira" e "Dia do Julgamento". Imagens exibidas na TV mostram pessoas tentando avançar rumo ao Parlamento libanês e tropas de segurança fazendo barreiras. Para conter os manifestantes, a polícia lançou bombas de gás lacrimogêneo. De acordo com a Cruz Vermelha Libanesa, 55 pessoas tiveram que ser levadas para hospitais por ferimentos durante a manifestação, e outras 117 foram socorridas nas ruas de Beirute.

Após explosão, protesto em Beirute é reprimido por forças de segurança

Os manifestantes também seguravam cartazes com frases como "aqui é onde os laços devem ser pendurados", "saiam, vocês são todos assassinos", entre outras. A simulação de enforcamentos se tornou um símbolo chave dos protestos contra os políticos, que ocorreram também no ano passado.

"Depois de três dias limpando os escombros e curando nossas feridas, é hora de deixar nossa raiva esvair e puni-los por matar pessoas", declarou Farès al-Hablabi, de 28 anos. "Devemos nos levantar contra todo o sistema [...] a mudança deve ser compatível com a escala do desastre", acrescentou ele, que participou de outro levante popular na cidade em 17 de outubro de 2019.

O primeiro ministro do Líbano, Hassan Diab, afirmou em pronunciamento que irá propor nos próximos dias a antecipação da eleição no país.

Se o movimento perdeu força nos últimos meses, especialmente devido à pandemia de coronavírus — que continua se agravando no Líbano — a tragédia desta semana pode reanimá-lo. "Não temos mais nada a perder. Todos devem ir para as ruas", disse Hayat Nazer, outra militante.

O exército libanês emitiu um comunicado em sua conta oficial no Twitter pedindo aos manifestantes que não destruam ou danifiquem propriedades públicas e privadas.

"O comando do Exército expressa a sua compreensão da dor no coração do povo libanês e lembra os manifestantes da obrigação de aderir a meios pacíficos de expressão e evitar bloquear estradas e invadir propriedades públicas e privadas", diz o comunicado.

Ministérios são atacados

Manifestantes contra o governo libanês ocuparam a sede do Ministério das Relações Exteriores do país na tarde deste sábado, afirma a agência de notícias AFP.

Segundo relatos de libaneses nas redes sociais, o grupo invadiu o prédio e exibiu uma faixa com a inscrição: "Beirute, cidade sem armas".

Transmissões em tempo real nas redes sociais mostram imagens de um incêndio na sede do Ministério das Financas do país.

Presidente criticado

Ontem, o presidente Michel Aoun, cada vez mais criticado, afirmou que se opõe a uma investigação internacional, dizendo que as explosões poderiam ter sido causadas por negligência ou por um míssil. As investigações estão em andamento e 16 pessoas foram detidas para prestar esclarecimentos.

A principal suspeita é de que a explosão tenha sido provocada pela detonação de 2.750 toneladas de nitrato de amônio que haviam sido apreendidas pelo país seis anos antes. O UOL apurou que a carga foi detida quando ia abastecer a oposição armada síria, segundo documento oficial.

Ajuda internacional

Amanhã, a comunidade internacional fará uma conferência para arrecadar doações para o Líbano, que antes da explosão já enfrentava uma grave crise econômica.

Os presidentes da França, Emmanuel Macron, e dos Estados Unidos, Donald Trump, já confirmaram presença — o mandatário francês foi o primeiro líder internacional a visitar Beirute após a tragédia e disse querer "coordenar" a ajuda estrangeira para o país.

*Com informações da AFP, Ansa e Reuters

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