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Mandetta e Teich lamentam a falta de compromisso de Bolsonaro com a ciência

15.mai.2020 - O ex-ministro da Saúde, Nelson Teich, durante pronunciamento sobre seu pedido de demissão - Wallace Martins/Futura Press/Estadão Conteúdo
15.mai.2020 - O ex-ministro da Saúde, Nelson Teich, durante pronunciamento sobre seu pedido de demissão Imagem: Wallace Martins/Futura Press/Estadão Conteúdo
do UOL

Do UOL, em São Paulo

08/08/2020 23h20

Os ex-ministros da Saúde do governo de Jair Bolsonaro (sem partido), Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, lamentaram hoje, em debate na GloboNews, a falta de cuidado do presidente com a ciência. Hoje, o Brasil passou a marca de 3 milhões de casos e 100 mil mortes por covid-19.

Teich, que permaneceu no cargo por um mês, disse que o chefe do Executivo ainda segue a mesma linha raciocínio do início e erra ao mostrar que a doença não é grave.

"Quando ele passa por isso [quando ficou doente], passando uma tranquilidade, ele reforça essa ideia. E, ao mostrar a cloroquina, reforça a ideia de que a cloroquina funciona", disse o médico e empresário.

Ele ainda contou que não deixou o Ministério da Saúde pelo embate com o presidente sobre o uso da cloroquina, mas também por ver que não teria autonomia.

"Quando aceitei o convite ao ministério, tinha mito claro o que queria fazer. Eu aceitaria novamente [o cargo], agora, lá dentro você avalia a capacidade do que pode fazer. E, na prática, eu vi que não tinha autonomia. A cloroquina era o problema do momento, mas o que eu via era uma falta de como implementar uma autonomia", apontou.

Já Mandetta disse que acreditou muito na proposta feita por Bolsonaro, por isso aceitou entrar para o governo.

"Mas quando chegou a primeira necessidade pública de trabalho técnico, prevaleceu uma lógica de que não deveria ter alguém ali da Saúde", apontou o médico. "Quando coloca alguém com o mínimo de compromisso com a ciência, [você] querer que uma pessoa adote algo fora disso é um pecado."

Ele ainda comentou a situação do general Eduardo Pazuello, ministro interino da Saúde, que está há 12 semanas no cargo e apontou que é necessário liberar as informações, de maneira mais clara possível, em situações como a pandemia.

"Se submete um general da ativa a cumprir esse papel, que claramente distancia a credibilidade do Ministério da Saúde. No caso da guerra contra o vírus, a maior número de informações deve ser jogado para a população. Quando retira, você perde o foco e começa a achar que a população e imprensa é o seu inimigo", apontou.

Pazuello, ao entrar para o governo federal, terminaria sua "missão" até agosto — ele afirmou a auxiliares que ficaria 90 dias no cargo e depois gostaria de voltar para o Exército.

Com isso, a cadeira de titular do Ministério da Saúde chama a atenção para o centrão. Essa não seria a primeira vez que o centrão ocuparia a pasta da Saúde. O bloco esteve à frente do ministério por todo o governo do ex-presidente Michel Temer, primeiro com Ricardo Barros e depois com Gilberto Occhi, ambos do PP.

Com Bolsonaro, o grupo já ocupa a Fundação Nacional da Saúde com Giovanne Gomes da Silva, ligado ao PSD. Caso a saída de Pazuello se confirme, será a terceira troca no comando do Ministério da Saúde desde o início da pandemia.

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