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Trânsito comanda as luzes: como funcionam os semáforos inteligentes?

do UOL

Rodrigo Lara

Colaboração para Tilt

06/08/2020 04h00

Os semáforos fazem parte da paisagem das cidades há mais de um século e, nesse período, praticamente não mudaram: contam com luzes vermelhas, amarelas e verdes para organizar o fluxo de veículos e evitar acidentes.

Mas, de uns anos para cá, esse velho conhecido passou por melhorias e, em alguns lugares, ganhou o apelido de "inteligente". Mas, afinal, o que um semáforo precisa fazer para ser considerado inteligente e como isso o diferencia de um modelo comum?

Na parte mais básica, um semáforo inteligente funciona como um modelo tradicional. Estão lá as luzes vermelhas, amarelas e verdes, composta por LEDs em modelos mais atuais.

Esses modelos tradicionais têm um controle que permite criar uma temporização —ou seja, quanto tempo cada luz ficará acesa— programada com antecedência que varia ao longo do dia. Para determinar essa programação, os órgãos operadores de tráfego analisam questões como a variação do fluxo de carros da via.

O que um semáforo inteligente tem de diferente é que ele é capaz de se adaptar às condições de trânsito em tempo real. Para isso, há um sistema de sensoriamento que pode incluir câmeras de processamento de imagem e sensores eletromagnéticos instalados no asfalto para a coleta de dados.

Esses dados são analisados por um sistema de controle computadorizado e, a partir daí, há uma variação na temporização das luzes, para que o semáforo as mude de forma sincronizada com outros da região.

Um exemplo: em um cruzamento entre uma rua com tráfego intenso de carros e outra mais tranquila, um conjunto de semáforos pré-programados tende a priorizar o tempo de abertura para essa via mais movimentada. No entanto, caso a rua menos movimentada passe a ter um movimento acima do normal, a tendência é que seja formado um congestionamento que afetará outras vias da região.

Caso um conjunto de semáforos inteligentes estivesse em operação, o fluxo de veículos ficaria melhor organizado, já que ele adaptaria automaticamente o período de acionamento de cada luz em tempo real, minimizando o impacto sobre o trânsito. Passado o fluxo anormal, a programação habitual voltaria a funcionar.

Semáforos inteligentes precisam de controle externo?

Os semáforos inteligentes não dependem de controle externo para variar a sua programação. Então eles mudam, em tempo real e automaticamente, o seu método de funcionamento.

Esses semáforos podem ser instalados de maneira isolada?

De forma mais literal, sim. Mas o ideal é criar uma rede de semáforos inteligentes cobrindo uma região. Em São Paulo, por exemplo, dos 6.567 cruzamentos com semáforos, apenas dez deles usam equipamentos inteligentes. E esses cruzamentos estão situados em uma mesma região.

O motivo disso é que, dessa forma, os sinalizadores atuam de maneira integrada, evitando que mudanças momentâneas em um cruzamento façam piorar o trânsito em vias próximas.

O ideal é que uma cidade tenha todos os cruzamentos com semáforos do tipo, com uma central de controle fazendo a gestão automatizada de todo o tráfego urbano.

A adoção de semáforos inteligentes melhoraria o trânsito?

De maneira geral, sim. Há estudos feitos no Brasil que apontam melhorias em torno de 20% a 30% no fluxo de tráfego. Mas isso depende de diversos fatores, já que a adoção de semáforos do tipo em uma pequena área pode melhorar o trânsito naquela região em detrimento da fluidez em vias adjacentes.

Fontes:

Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo (CET-SP)
Milene Galeti, professora do Departamento de Engenharia Elétrica da FEI

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