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Shopping de US$ 475 milhões no Caribe tenta sobreviver à Covid

Kim Bhasin, Jordyn Holman e Jim Wyss

06/08/2020 14h57

(Bloomberg) -- A inauguração do "Mall of San Juan" foi uma celebração do futuro otimista para Porto Rico. Havia confetes, uma banda e políticos, como o governador e o prefeito, dando boas-vindas.

"Havia muito entusiasmo", diz Alberto Baco Bague, secretário de Desenvolvimento Econômico e Comércio, que esteve presente naquele dia de 2015. "Foi um momento de muita esperança e brilho."

Hoje o complexo, que abrigou brevemente as únicas lojas Saks Fifth Avenue e Nordstrom do Caribe, é um dos símbolos mais caros dos sonhos frustrados do território dos Estados Unidos. Com apenas cinco anos, está na lista dos shopping centers problemáticos do país, com mais de 30% do espaço de varejo deserto. A incorporadora Taubman Centers diz que tem ideias para mudar a situação. Por enquanto, o Mall of San Juan tem cerca de 59 mil metros quadrados repletos de sinais de alerta.

É raro um empreendimento de alto nível desmoronar tão rapidamente. Mas o shopping se encontra no nexo de várias tendências preocupantes: o êxodo da riqueza de Porto Rico, o longo declínio dos shoppings nos EUA e a série de desastres - tanto naturais quanto causados pela atividade humana - que afastaram os turistas.

Olhando para trás, é fácil dizer que o shopping nunca teve chance em uma ilha onde quase metade da população vive abaixo da linha da pobreza e a renda média das famílias está pouco acima de US$ 20 mil por ano, em comparação com quase US$ 62 mil nos EUA.

Mas quando a Taubman Centers fez sua diligência prévia há cerca de uma década, encontrou muitos pontos positivos ao decidir investir cerca de US$ 475 milhões no projeto. "Todas as pesquisas mostravam riqueza substancial, crescimento do turismo, crescimento da qualidade do turismo", diz Bill Taubman, diretor de operações.

A Taubman e o Mall of San Juan foram derrotados antes que pudessem realmente começar, diz José Caraballo-Cueto, economista e professor da Universidade de Porto Rico.

"Eles apostavam nos turistas, apostavam nos indivíduos de alta renda." Depois dos vários problemas ao longo dos anos, a Covid-19 chegou, fechando o shopping por 76 dias. Esse "foi o último golpe que precisavam para serem nocauteados."

©2020 Bloomberg L.P.

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