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Justiça de Nova York busca dissolver poderosa associação pró-armas por fraude

06/08/2020 20h45

Nova York, 6 Ago 2020 (AFP) - O estado de Nova York anunciou nesta quinta-feira que entrou com uma ação contra a poderosa National Rifle Association (NRA) e seu líder, Wayne LaPierre, por fraude financeira e má conduta, com o objetivo de dissolver o grupo de lobby conservador.

"A influência da NRA tem sido tão poderosa que a organização não foi controlada por décadas, à medida que os altos executivos desviavam milhões para o próprio bolso", disse a procuradora-geral Letitia James.

"A NRA está cheia de fraudes e abusos, então hoje procuramos dissolver a NRA, porque nenhuma organização está acima da lei", disse James.

Segundo a procuradora, LaPierre e três outros altos funcionários da NRA usaram fundos e doações de membros por anos como seu "cofrinho pessoal" e usaram dezenas de milhões de dólares em gastos pessoais e de cúmplices em violação das leis que governam as organizações sem fins lucrativos.

Os quatro "basicamente saquearam seus ativos", disse James, deixando praticamente insolvente o grupo que já foi rico e injetou milhões em campanhas políticas republicanas.

Em comunicado, a NRA acusou James de abrir um processo para "somar pontos políticos", tendo em vista as eleições gerais daqui a três meses.

"Este foi um ataque infundado e premeditado à nossa organização e às liberdades da Segunda Emenda que ela luta para defender", disse a presidente da NRA, Carolyn Meadows em nota.

Além disso, Meadows afirmou que a NRA apresentou uma ação nesta quinta-feira, acusando James. "Não apenas não vamos nos afastar dessa luta, como a vamos enfrentar e prevalecer", garantiu.

Poder políticoDurante décadas, a NRA representou milhões de proprietários e advogados de armas nos Estados Unidos, lutando com sucesso substancial para enfraquecer e eliminar as leis que impunham controles, usando a Segunda Emenda à Constituição como argumento.

Na política, a NRA apoiou os candidatos que se alinharam com seus pontos de vista e criticou aqueles que apoiavam a regulamentação de armas de fogo.

LaPierre, que liderou a NRA por quase três décadas, tornou-se um dos principais homens de poder sobre o assunto em Washington.

Ele teve um papel importante nas eleições de Donald Trump em 2016. Os filhos do presidente americano, Eric e Donald Jr, são membros e participam regularmente de eventos da NRA.

Questionado sobre o processo, Trump disse na Casa Branca que se trata de "uma coisa terrível". "Acho que a NRA deveria se mudar para o Texas e levar uma vida muito boa e bonita", sugeriu.

Aviões privados e safarisJames disse que LaPierre usou ilegalmente os fundos da NRA para pagar jatos particulares para levar sua família em férias de luxo nas Bahamas, e desviou milhões de dólares sem explicação por meio de uma agência de viagens.

Além disso, a NRA pagou por safaris na África e até mesmo pela associação de LaPierre em um clube de golfe, algo não previsto oficialmente.

LaPierre também aceitou presentes de luxo e viagens de fornecedores da NRA, e um pacote de retirada de US$ 17 milhões foi concedido sem a aprovação do conselho da associação.

O processo acusa o ex-tesoureiro da NRA, Wilson Phillips, de se contratar como consultor da organização por US$ 1,8 milhão e de esconder dezenas de milhões em despesas para os executivos da NRA. Entre elas, pagamentos ao contratante de relações públicas, Ackerman Queen. Também foram acusados o conselheiro geral John Frazer e o ex-chefe de gabinete Joshua Powell.

Em comunicado, LaPierre classificou o processo de "um ataque premeditado inconstitucional que visa a desmantelar e destruir a NRA. A Associação é bem administrada, financeiramente solvente e comprometida com a boa administração. Estamos prontos para a luta e os aguardamos."

A procuradora negou que tenha agido por motivações políticas e disse que o estado apenas forçou duas outras ONGs a fechar nos últimos anos, uma delas, a Fundação Trump.

A acusação de James ocorre no momento em que a NRA, embora enfraquecida financeiramente, deve injetar grandes quantias nas eleições gerais de novembro.

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