Bloqueio de estradas por manifestantes afeta transporte de insumos médicos na Bolívia
La Paz, 5 Ago 2020 (AFP) - Bloqueios de estradas na Bolívia em protesto contra o adiamento das eleições começaram a afetar o transporte de insumos médicos, e La Paz contava nesta quarta-feira com oxigênio nos hospitais suficiente para apenas algumas horas, alertou o prefeito Luis Revilla.
"Estamos muito preocupados. Estou em comunicação permanente com os diretores dos nossos hospitais municipais", disse Revilla, citado pelo jornal "Página Siete". "A situação é muito grave, porque muitos pacientes internados em nossos hospitais precisam de oxigênio", assinalou.
A ONU lançou hoje "um chamado urgente para permitir a livre circulação da ajuda humanitária que consiste em insumos médicos, remédios e oxigênio, essenciais para proteger a saúde da população", indica um comunicado divulgado em La Paz.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) condenou no Twitter "que manifestantes impeçam a passagem de ambulâncias e caminhões transportando oxigênio, necessários para atender à pandemia".
Apoiadores do ex-presidente esquerdista Evo Morales (2006-2019) iniciaram hoje o bloqueio de estradas em cinco das nove regiões do país, em protesto contra o adiamento das eleições de 6 de setembro para 18 de outubro devido à escalada da pandemia. Organizações sindicais e camponesas acreditam que o adiamento busca prejudicar a candidatura de Luis Arce, que supera nas pesquisas o ex-presidente de centro Carlos Mesa e a presidente interina de direita Jeanine Áñez.
Segundo o Ministério da Saúde, desde ontem foi interrompido o transporte de insumos médicos, principalmente oxigênio, fundamentais para salvar pacientes com coronavírus.
O ministro do Interior, Arturo Murillo, pediu à Justiça que emita ordens de prisão contra os bloqueadores, depois que um grupo deles dinamitou parte de um morro para bloquear uma estrada entre as regiões de Cochabamba e Oruro.
O novo coronavírus já infectou 83.361 pessoas na Bolívia, país de 11 milhões de habitantes. As eleições presidenciais e legislativas deste ano, que substituem a votação anulada em outubro de 2019, estavam programadas para 3 de maio e já foram adiadas duas vezes.
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