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UE prestes a ofuscar grandes emissores de títulos na Europa

Maciej Onoszko

03/08/2020 14h00

(Bloomberg) -- Os maiores e mais seguros emissores de títulos da Europa devem ter mais competição.

A União Europeia pode vender cerca de 210 bilhões de euros (US$ 250 bilhões) em títulos no próximo ano, segundo o Mizuho Financial, quando começar a trabalhar no plano de recuperação do coronavírus, que totaliza 750 bilhões de euros. É mais do que o triplo do valor planejado neste ano pelos maiores emissores sindicalizados da Europa com classificação AAA - o banco de desenvolvimento alemão KfW e o Banco Europeu de Investimento (BEI).

"A emissão da UE é enorme", disse Armin Peter, do UBS, em Londres. "Isso impactará os grandes nomes tradicionais no mercado soberano e supranacional e, em certa medida, no mercado de títulos cobertos."

A enxurrada de títulos da UE pode ajudar investidores de renda fixa a encontrarem investimentos superseguros em meio à desaceleração da oferta e crise da economia, além de turbinar o mercado de dívida verde e potencialmente abrir caminho para um ativo seguro regional. Para emissores com melhor classificação, o dilúvio pode aumentar os custos de financiamento, que caíram abaixo de zero em meio à busca por refúgio e compra de ativos pelo Banco Central Europeu.

O KfW vendeu 1 bilhão de euros em títulos com vencimento em 2034 e rendimento negativo de 0,136% na semana passada. A UE precificou uma emissão de 500 milhões de euros em títulos com vencimento em 2035 com retorno de 0,161% em 3 de junho, sua emissão sindicalizada mais recente.

Atualmente, a UE é uma emissora relativamente pequena, com apenas 51,8 bilhões de euros em dívida no mercado, de acordo com dados da Bloomberg. Em comparação, o KfW tem planos de vender 65 bilhões de euros em títulos somente neste ano, mesmo depois de cortes devido a alternativas baratas alemãs e do BCE. BEI, um braço da UE, estima suas necessidades de financiamento para 2020 em 60 bilhões de euros.

O BEI vê como positivo o "acordo muito importante" para uma nova estrutura de financiamento de vários anos da UE em um instrumento de recuperação específico, disse a instituição em resposta por e-mail às perguntas da Bloomberg News. O KfW não respondeu a um pedido de comentários por e-mail.

©2020 Bloomberg L.P.

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