Topo
Notícias

Esse conteúdo é antigo

Militar que chefia a testagem nos EUA diz que chega de falar de cloroquina

Almirante Brett Giroir disse que não há prova de que a cloroquina ajuda no tratamento de covid-19 - Reprodução/NBC
Almirante Brett Giroir disse que não há prova de que a cloroquina ajuda no tratamento de covid-19 Imagem: Reprodução/NBC
do UOL

Marcelo Oliveira

Do UOL, em São Paulo

02/08/2020 16h59

Resumo da notícia

  • Brett Giroir, almirante e médico, chefe da testagem de covid-19 nos EUA, diz que já está na hora de parar de falar de cloroquina
  • Segundo ele, o importante é lavar as mãos, usar máscaras e falar de remédios que funcionam
  • Seu chefe, o presidente norte-americano Donald Trump é um grande defensor da cloroquina
  • Estudos já comprovaram que a droga não traz benefícios para quem tem covid-19

O pediatra e almirante norte-americano, Brett Giroir, secretário assistente do ministério da Saúde dos EUA, responsável por coordenar a aplicação de testes de covid-19 no país, disse neste domingo (2), disse que não há evidência de que a hidroxicloroquina é um tratamento efetivo para a covid-19, apesar da propaganda insistente que seu chefe, Donald Trump, faz sobre o remédio, apesar das objeções dos especialistas.

Em entrevista ao programa Meet The Press, da TV NBC, Giroir não mencionou Trump diretamente, mas deixou claro que o consenso científico é de que a droga não ajuda a tratar a doença.

"A maioria dos médicos atuam baseados em evidências e eles não se deixarão influenciar pelo que aparece no Twitter ou qualquer outro lugar. E a evidência científica mostra que a hidroxicloroquina não é efetiva neste momento", disse ele.

Temos que falar do que funciona

"Nós temos que seguir em frente e falar daquilo que é efetivo", ele acrescentou, indicando que medidas de higiene, como lavar as mãos e usar máscaras , bem como tratamentos com o antiviral remdesivir e drogas esteróides, como a dexametasona.

"Até agora já fizeram cinco estudos controlados que não mostraram qualquer benefício da hidroxicloroquina no tratamento de covid-19. Portanto, atualmente, nós não a recomendamos como tratamento", disse.

Trump é um dos maiores divulgadores do remédio

Desde os primeiros dias da pandemia, Trump tem promovido sua crença de que a hidroxicloroquina, uma droga usada no tratamento da malária, poderia ajudar a tratar a doença. Em maio, ele disse que tomou o tratamento não comprovado, de forma preventiva, por duas semanas.

O FDA (sigla, em inglês, para Departamento de Alimentos e Drogas, a Anvisa americana), rapidamente lançou uma autorização emergencial para que a droga fosse usada no tratamento de covid-19, mas em junho, o órgão retirou a autorização.

Ao cancelar a autorização para o uso da cloroquina, o FDA citou que "uma grande avaliação do uso clínico em pacientes hospitalizados mostrou que estes remédios não mostraram benefícios, seja reduzindo mortes ou acelerando a recuperação de pacientes".

Apesar de pronunciamentos similares de autoridades de saúde pública, bem como o alerta da FDA contra o uso da droga fora do ambiente hospitalar, em virtude dos riscos de problemas cardíacos, Trump continuou teimando em divulgar a droga.

Trump divulgou vídeo de médica que acredita em possessão demoníaca

Semana passada, Trump retuitou um vídeo de uma médica da região de Houston que argumentava em favor do uso da droga e a chamava de cura para o coronavírus.

O Twitter removeu o vídeo, anunciando que ele "violava as políticas de informação sobre covid-19 da companhia" e o médico Anthony Fauci, expert do governo americano para doenças infecciosas, disse que o vídeo "espalhava algo que não era verdadeiro."

Mas Trump insistiu e defendeu sua decisão de compartilhar o vídeo em uma entrevista na Casa Branca. "Acontece que eu acredito", disse. Ele depois foi pressionado a responder sobre pronunciamentos anteriores da mesma médica que incluem dizer que certas doenças são causadas por possessão demoníaca.

"Ela estava ao vivo com vários outros médicos", disse Trump. "Eu pensei que a voz dela era uma voz importante, mas eu não sabia nada sobre ela", admitiu.

Notícias