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O que faz um economista? Saiba como é a faculdade e o mercado de trabalho

do UOL

28/07/2020 19h25

Se você é um economista ou trabalha com finanças, já deve ter se deparado com a alguém falando "ah, então você sabe economizar" ou, mais recente, "você deve investir muito bem, né?". Ou, ainda mais comum, todo amigo quando vai viajar se lembra de você para perguntar qual é o melhor momento para comprar dólar, não é?

Eu sou César Esperandio, economista do Econoweek, a tradução da economia. E, neste artigo, bem como no vídeo acima, no qual respondo a perguntas ao vivo sobre o tema, vou traduzir tudo sobre a carreira de economia e suas áreas de atuação, que muitas vezes tem como colegas de trabalho os administradores, contadores, engenheiros e advogados.

Apesar de que nem todo economista sabe economizar como deveria, a economia estuda escolhas diante da escassez, mas não apenas de dinheiro: de pessoas, de tempo, de tudo o que é limitado e que atribuímos valor.

Normalmente, temos vontade de fazer mais coisas do que nosso orçamento dá conta. E aí temos que escolher com o que vamos gastar o nosso dinheiro. Com o tempo é a mesma coisa: temos 24 horas no dia e 365 dias no ano para fazer tudo o que queremos fazer. Fatalmente, algumas coisas deixarão de ser feitas por falta de tempo. Escolhemos fazer aquilo que preferimos fazer ou o que temos que fazer.

É esse o campo de estudo da economia: que escolhas fazemos como indivíduos, como empresas ou como governos diante diante de recursos limitados. E quais são os desdobramentos dessas escolhas no nosso bem-estar, na formação de preços, no câmbio, e por aí vai.

Qual é a imagem que as pessoas têm de um economista?

É muito comum se imaginar a caricatura de um economista trabalhando em um banco, que entende tudo de conta, que sabe tudo de investimentos e que só pensa em dinheiro.

Na verdade, a faculdade de Economia nem é do grupo de Exatas. O curso de Economia (ou de Ciências Econômicas, como algumas faculdades preferem chamar) é um curso de Humanas, embora alguns prefiram falar que é uma faculdade de Ciências Sociais Aplicadas.

Para quem já está mais por dentro do que é a economia, também é comum pensar que ela se resume a projeções de juros, dólar, PIB, inflação... Mas é muito mais do que apenas isso.

Economistas, com interesses diferentes, tentam entender a relação de causa e efeito de várias coisas. Por exemplo:

  • Como a baixa taxa de coleta e tratamento de esgoto, realidade brasileira, impacta no nível de escolaridade dos jovens e no salário que ele terá na vida adulta?
  • Como leis de aborto tiveram impacto na criminalidade?
  • O Bolsa Família incentiva ou não incentiva as pessoas a terem mais filhos?
  • Qual a relação entre o desemprego e a alta dos preços das coisas no mercado?
  • O aumento da produção de papelão e embalagens indica algo sobre a economia de um país?

E essas perguntas quase nunca garantem uma resposta 100% correta.

Para você ver que a matemática, econometria e todo o recurso de exatas da Economia são só algumas das ferramentas que o economista tem para lidar com essas questões.

Não adianta nada ter domínio preciso de cálculo, programação e softwares econométricos, se o profissional formado em Economia não tiver a criatividade para imaginar as possíveis razões do problema que ele está lidando, e tampouco se ele não souber fazer as perguntas corretas que o encaminhem para a solução do problema.

Da mesma maneira que também não adianta nada ter tudo isso e falhar na hora de fazer as operações matemáticas básicas.

O economista é um profissional polivalente. E isso é muito legal.

Onde trabalha?

Com isso, já dá para ver onde um economista pode trabalhar:

  • No mercado financeiro, lidando desde com investimentos até à concessão de crédito e análise de risco de cada tipo de operação, ou ainda planejamento financeiro e assessoria de investimentos;
  • Em várias áreas da iniciativa privada, como em consultorias e empresas, ajudando, por exemplo, a determinar a quantidade e preço adequado que uma marca deve oferecer do seu produto para ter o maior lucro possível. Dica: esse é um campo de estudo da microeconomia;
  • Em Economia do Direito, ajudando a avaliar o impacto de consolidação de duas grandes empresas em uma só e se isso terá impacto negativo para a população, o famoso monopólio ou oligopólio, quando há uma ou poucas empresas oferecendo determinado produto ou serviço;
  • Pode trabalhar com pesquisas para a iniciativa privada ou para a academia (é assim que chamam os profissionais que se dedicam a ensinar e a pesquisar: acadêmicos). Lembra -se dos exemplos que dei de campos de estudo? O economista ajuda a entender o mundo ao redor, seja para uma empresa atuar melhor no seu mercado e analisar a sua concorrência, ou mesmo qualquer outro campo de estudo que seja de interesse da sociedade, situação em que normalmente o economista é patrocinado por uma universidade ou governo;
  • Também pode atuar para o governo, seja lidando com contas as públicas, desde com planejamento até orçamento, ou atuando na construção de diretrizes para o mercado em órgãos como CVM e Banco Central;
  • Bem como pode se dedicar a lecionar, dando aulas em universidades.

Eu acabei de falar apenas alguns exemplos de cargos típicos que economistas podem ocupar, mas não vamos esquecer que qualquer faculdade que façamos, ela normalmente não fecha o leque de opções, mas sim abre. Afinal, você terá desenvolvido novas habilidades, somando às que você já tinha.

O economista também pode fazer outras coisas que não necessariamente são óbvias. Mas se é necessária capacidade analítica e habilidade com contas, o economista pode estar bem preparado para a vaga. Por que não?

Então agora, toda vez que te perguntarem o que faz um economista, ou se você é mão de vaca e sabe economizar, você já tem um monte de argumentos para explicar direitinho. E já mostra esse conteúdo do Econoweek se a pessoa não entender. O campo de atuação do economista é muito vasto e apaixonante.

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