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Jovem estrela do Parlamento de Hong Kong se refugia em Londres para "lutar contra a China"

16/07/2020 12h43

Em 2016, aos 23 anos, ele foi eleito para o Conselho Legislativo de Hong Kong, tornando-se o membro mais jovem do Parlamento na história de Hong Kong. Hoje, Nathan Law, um fervoroso defensor da democracia e da liberdade em Hong Kong, é o refugiado mais famoso da ex-colônia britânica: no início desta semana, ele partiu para o exílio em Londres. Do Reino Unido, ele diz que quer continuar sua luta contra a China, que estaria minando as liberdades do povo de Hong Kong.

Por Heike Schmidt

RFI: você se sentiu em perigo depois que a China impôs a nova lei de segurança nacional em Hong Kong?

Nathan Law: De acordo com a Lei de Segurança Nacional, quem defende uma causa [da oposição] na arena internacional corre o risco de ser preso por toda a vida. Então sim, eu poderia ter sido preso. Mas meu exílio é mais do que uma escolha pessoal. Precisamos de uma figura pública para divulgar nossa causa. É minha responsabilidade contar a verdade à comunidade internacional. No momento, os britânicos nos apoiam. Então, daqui em diante, posso continuar defendendo nossos direitos.

Londres decidiu parar de trabalhar com a empresa chinesa Huawei. Washington decidiu encerrar o status preferencial do qual gozava Hong Kong. O que mais você acha que a comunidade internacional deveria fazer para impedir a aquisição chinesa de Hong Kong?

O mundo deve formar uma frente unida. Nós devemos responsabilizar a China. Essas sanções são o primeiro passo para reconhecer que a China está violando os direitos humanos. Sim, de fato, Hong Kong também corre o risco de sofrer as consequências dessas sanções, mas a culpa é inteiramente do Partido Comunista Chinês. Também deve haver um boicote aos Jogos Olímpicos de Inverno em 2022 e um congelamento em vários acordos comerciais. Isso é importante.

O status de "um país, dois sistemas", garantido para Hong Kong até 2047, acabou?

Sim, ele acabou. Este status garantia ao povo de Hong Kong o direito de governar Hong Kong. Isso significava que tínhamos um alto grau de autonomia e o direito de escolher nosso chefe executivo - mas Pequim destruiu os dois princípios. Em vez disso, a China abriu uma agência secreta que supervisiona o governo de Hong Kong. Portanto, é Pequim quem dita diretamente suas leis ao Executivo de Hong Kong. E este é claramente o fim do princípio "um país, dois sistemas".

Em setembro, o povo de Hong Kong deve eleger seus suplentes. Essas eleições serão realizadas?

Acho que elas acontecerão, mas Pequim certamente excluirá boa parte dos candidatos a favor da democracia desta eleição, o que claramente equivale a uma fraude eleitoral. Eles tentarão controlar as eleições. Por isso, peço à comunidade internacional que envie seus observadores para Hong Kong e acompanhe de perto a situação.

Em 2016, como jovem deputado do partido pró-democrático Demosisto, você comparou sua luta não-violenta à de Nelson Mandela na África do Sul. Você acredita que a não-violência deve continuar a ser a única maneira de alcançar a democracia em Hong Kong?

Eu acho que é muito importante continuar demonstrando e continuo sendo um promotor da não-violência. Mas temos que entender que algumas pessoas estão optando por meios mais radicais. Posso entender sua frustração. Eu me preocupo com elas e presto-lhes a justa homenagem. Eles continuam sua luta em Hong Kong.

 

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