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Palestinos são 'presos por apoiarem anexação' de Israel

14/07/2020 11h53

Jerusalém, 14 Jul 2020 (AFP) - Palestinos que disseram à televisão israelense serem favoráveis à anexação de parte da Cisjordânia ocupada por Israel foram recentemente presos pela Autoridade Palestina, segundo várias fontes, desmentidas pelas autoridades palestinas.

Em uma reportagem de um canal israelense, palestinos da Cisjordânia expressam o desejo de se tornarem israelenses, caso suas terras sejam anexadas em meio a um plano de paz dos Estados Unidos. Esta posição é contrária à Autoridade Palestina e à da maioria dos palestinos, de acordo com as pesquisas.

Algumas pessoas que aparecem na reportagem falam em meio a uma câmera escondida, outras, com o rosto descoberto, mas sem fornecer sua identidade.

"Quero um documento de identidade israelense!", afirma um palestino, enquanto outro diz que não enxerga "os israelenses como inimigos, o inimigo é seu governo". Um terceiro diz "escolher Israel", mas declara que não pode falar isso publicamente.

Segundo o jornalista israelense que fez a reportagem, Tzvi Yehezkeli, pelo menos seis pessoas que se pronunciaram a favor da anexação foram presas pela Autoridade Palestina.

Procuradas pela AFP, várias fontes de segurança da Autoridade Palestina negaram essas afirmações.

"Não prendemos ninguém em relação a este caso", disse à AFP o porta-voz do Ministério palestino do Interior, Ghassan Nimr.

Um familiar de uma das pessoas detidas relatou à AFP que a prisão realizada pela polícia palestina durou várias semanas e que a pessoa deverá comparecer a um tribunal. O motivo, segundo este familiar, foi ter falado com a mídia israelense e ter criticado a Autoridade Palestina.

Este familiar também é favorável à anexação e deseja que "Israel nos dê uma nacionalidade".

- Sem esperança -Essas declarações contrastam com as proclamadas nas inúmeras manifestações palestinas contra o plano dos EUA para o Oriente Médio, que propõe a anexação, por parte de Israel, de colônias hebraicas e do Vale do Jordão na Cisjordânia, território palestino ocupado desde 1967 pelo Estado hebreu.

Segundo uma pesquisa recente realizada por um centro palestino de pesquisas, 88% dos palestinos se opõem ao plano Trump, e 52% apoiam a luta armada em caso de anexação.

Ao interrogar os palestinos sobre a questão da anexação, Tzvi Yehezkeli, um renomado jornalista em Israel, que se expressa em árabe, percebeu que muitos deles não compartilhavam a posição de seus líderes, explica ele à AFP.

"A pergunta é: Israel está disposto a aceitá-los como cidadãos com plenos direitos?", questiona.

A resposta parece negativa. No final de maio, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que os palestinos que estiverem nas terras anexadas não obterão a cidadania israelense.

O "status" que lhes será concedido permanece incerto, uma vez que, "a priori", também não pertencerão à Autoridade Palestina.

O governo israelense definiu 1o de julho como a data, a partir da qual poderá se pronunciar sobre a aplicação do plano dos EUA. Até agora, não houve resposta, ou pronunciamento a esse respeito.

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