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Em homenagem nacional a profissionais de saúde, protesto acusa Macron de "asfixiar hospital"

14/07/2020 11h45

O cartaz hostil ao presidente francês subiu aos ares, carregado por balões, na Praça da Concórdia em Paris nesta terça-feira (14) durante a cerimônia da festa nacional francesa, que este ano homenageou os militares e profissionais da saúde que lutaram contra a pandemia de Covid-19. "Por trás das homenagens, Macron asfixia o hospital", denunciou a mensagem.

O cartaz pode ter passado desapercebido aos 2.500 convidados que participaram da cerimônia presidida por Emmanuel Macron. Mas a mensagem carregada por balões rubro-negros foi filmada por vários jornalistas que cobriam o evento e amplamente divulgada nas redes sociais. A radio France Info informa que ainda não se sabe quem são os autores do protesto. Os balões teriam sido lançados de um prédio próximo à Praça da Concórdia.

Este ano, excepcionalmente devido à crise sanitária, o tradicional desfile militar do 14 de julho foi substituído por uma cerimônia mais simples, sem a presença do público. Entre os convidados, estavam 1.400 franceses que lutaram contra a epidemia na linha de frente: médicos, familiares de profissionais que morreram da Covid-19, professores, caixas, agentes funerários, policiais, bombeiros, funcionários de fábricas de máscaras ou de testes.

Ceticismo

Essas homenagens foram recebidas com ceticismo por parte dos profissionais de saúde, que esperam muito mais do governo para o setor hospitalar, que teve suas falhas evidenciadas na crise sanitária da Covid-19.

O protesto na Praça da Concórdia acontece no dia seguinte à divulgação do plano nacional, chamado "Ségur da Saúde", negociado durante várias semanas entre o governo e os sindicatos. Ele prevê € 8 bilhões de investimentos para o setor, incluindo aumentos salariais de € 183 para paramédicos. Aos médicos que trabalham nos hospitais foram prometidos € 450 milhões para revalorizar os salários.

O primeiro-ministro Jean Castex chamou o plano de "momento histórico para o sistema de saúde francês", que foi aceito pela maioria da categoria. Mas dois sindicatos de funcionários e dois sindicatos de médicos não assinaram o acordo e criticaram a proposta do governo.

"Por enquanto, o momento não é de comemoração, mas de decepção, principalmente porque as esperanças eram grandes", afirmou em um comunicado a CGT. Para a central sindical, o "Ségur da Saúde" "não tratou todos os problemas" do setor.

Outras entidades denunciam "decisões incompreensíveis". O presidente do sindicato de médicos APH, Jacques Trevidic, disse que o acordo "representa um avanço", mas afirma que muitas reinvindicações ainda não foram contempladas e pediu uma "segunda rodada de negociações", principalmente sobre a jornada de trabalho.

Por todos esses motivos, as entidades que não assinaram o acordo, como a CGT, SUD ou ainda o Coletivo Inter-Hospital, não participaram das várias homenagens oficiais aos profissionais de saúde, realizadas nesta 14 de julho. Elas convocaram uma "jornada de ação" e uma manifestação na Praça da república em Paris, para denunciar a situação precária do setor hospitalar na França. 

 

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