Quase 10 mil pessoas trabalham em situação análoga à escravidão em oficinas têxteis inglesas, denuncia deputado
Londres, 13 Jul 2020 (AFP) - Cerca de 10 mil pessoas estão empregadas em condições análogas à escravidão em oficinas têxteis de Leicester, centro da Inglaterra, denunciou nesta segunda-feira um deputado local.
Comovida, a ministra do Interior, Priti Patel, discursou hoje no Parlamento denunciando "este flagelo moderno", e seu ministério anunciou a abertura de uma investigação sobre a denúncia a cargo da Agência Nacional contra o Crime (NCA).
Um surto de casos de Covid-19 no fim de junho obrigou autoridades a ampliarem o confinamento naquela cidade industrial e revelar as práticas em suas fábricas. Segundo o parlamentar conservador Andrew Brigden, cerca de 10 mil pessoas poderiam estar empregadas nesta situação, com um salário de 2 libras por hora.
As vítimas são "uma mistura de trabalhadores locais e imigrantes, alguns dos quais acredita-se que estejam em situação ilegal, motivo pelo qual são escravizados", assinalou Brigden.
As oficinas de fabricação de roupas continuaram operando durante o confinamento e são suspeitas de terem desempenhado um papel importante na segunda onda de contágios.
O grupo Labor Behind the Label, que defende os direitos dos trabalhadores, assinala em um relatório que algumas fábricas funcionaram a plena capacidade durante a crise sanitária, sendo "inconcebível" que pudessem ter cumprido as medidas contra o coronavírus, como as divisórias de proteção. "Há anos, circulam acusações de abuso em muitas empresas de Leicester", assinalou Dominique Muller, representante do grupo.
Segundo um relatório parlamentar recente, a cidade de Leicester, de grande diversidade étnica, conta com um número importante de oficinas têxteis. O Labor Behind The Label acusa marcas como Boohoo, de "fast fashion", de violarem a legislação trabalhista.
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