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Prefeito de Seul encontrado morto era acusado de assédio sexual

10/07/2020 11h06

O prefeito de Seul, Park Won-soon, 64 anos, encontrado morto nesta sexta-feira (10) era um potencial candidato à presidência da Coreia do Sul e foi um feroz combatente contra a Covid-19.

Segundo a polícia Seul, o corpo de Park foi localizado no Monte Bugak, no norte da cidade, perto da última área rastreada graças ao seu telefone celular. A morte do prefeito acontece um dia após uma secretária de seu gabinete acusá-lo de assédio sexual à polícia, de acordo com duas redes de televisão do país.

A filha do prefeito informou sobre seu desaparecimento na tarde de quinta-feira, segundo a polícia. Ela afirmou que o pai estava desaparecido e que havia deixado uma mensagem que soava como suas "últimas palavras".

Em uma mensagem escrita à mão com tinta e pincel, encontrada na residência oficial, Park Won-soon pediu desculpas. "Peço desculpas para todo mundo, à minha família, para quem causei tanto sofrimento. Adeus", acrescentou. "Agradeço a todos que estiveram comigo na minha vida", disse, pedindo para ser cremado e para ter suas cinzas espalhadas nos túmulos de seus pais.

Figura de ponta do Partido Democrata no poder, ele dirigia Seul desde 2011, capital de quase milhões de habitantes. Ele era considerado forte candidato ao pleito presidencial, em 2022, para suceder o presidente Moon Jae-in.

Won-soon também foi um dos líderes mais agressivos da Coreia do Sul no combate ao coronavírus, impondo uma série de medidas municipais para conter a disseminação da doença. Seul registrou apenas 1.390 casos da Covid-19.

Sociedade patriarcal

Apesar dos avanços econômicos e tecnológicos, a Coreia do Sul segue dominada por homens. Contudo, nos últimos dois anos, o movimento #MeToo apresentou várias denúncias. A morte de Park Won-soon é o final dramático para um caso do #MeToo na Coreia do Sul, uma sociedade patriarcal onde este movimento contra agressões sexuais já derrubou muitos homens importantes de diferentes setores.

De acordo com um suposto documento da vítima de Park, que trabalhou como sua secretária pessoal a partir de 2015, ele cometeu "assédio sexual e gestos inapropriados durante as horas de trabalho", como insistir que ela o abraçasse no dormitório anexo a seu escritório.

Depois do trabalho, afirmou, ele enviava "selfies com roupas íntimas e comentários lascivos" em um aplicativo de mensagens. "Fiz uma lavagem cerebral em mim mesma, com muito medo e humilhação, de que tudo isso era para o bem da cidade de Seul, meu e do prefeito Park", disse ela, segundo o documento.

A polícia confirmou que uma denúncia foi apresentada, mas se recusou a confirmar os detalhes. A morte de Park significa que a investigação será automaticamente encerrada.

 

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